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domingo, 29 de maio de 2011

Origem da Festa em Honra de Santo António


Curiosidade

Conta-se uma lenda passada em 1844, de que nos campos de Toulões existia um enorme lobo que devorava rebanhos e atacava as povoações. Fizeram-se muitas montarias e colocaram-se muitas armadilhas mas não deram resultado,perante esta situação,a população rezou a Santo António prometendo,que se os salvasse deste lobo,ofereceriam anualmente uma grande festa em sua Honra.Diz-se que passados alguns dias,apareceram mortos,não um mas alguns lobos,regressando a paz á Aldeia.Hoje em dia ,a festa continua a realizar-se todos os anos no mês de Agosto e constitui um dos momentos altos da freguesia de Toulões
                                                           Costumes
O Namoro-



Quando a mocidade começava a namorar e se o rapaz não fosse da terra, tinha de pagar o “Piso” (vinho) aos rapazes da terra para evitar desacatos.
O Casamento-
Quando casava, no segundo domingo em que eram lidos os pregões na Igreja, faziam o jantar em casa da noiva. À tarde o rapaz dava vinho,tabaco e tremoços a quem aparecia e a noiva dava rebuçados ás raparigas.Nas antevésperas do casamento convidavam as pessoas para a boda,o noivo embrulhado num gabão ou capote(que poucos tinham) e a noiva com duas raparigas que eram as"canchaneiras",as raparigas pediam as mesas,as louças da boda e os assentos para os convidados.Nas vésperas do casamento os noivos recebiam as "Fogaças",o padrinho oferecia 4 alqueires de trigo,os tios 1 e o resto da família 1/2 alqueire,depois os convidados iam comer no dia do casamento.Os noivos confessavam-se sempre antes de casar e os pais davam a sua benção.
O Nascimento de um Filho - Ao nascer uma criança e ao ser batizados havia uma grande festa na Aldeia e distribuiam-se rebuçados. Alguns dias depois o pai ou algum familiar ia á Zebreira para registrar a criança,acontecia muitas vezes que o empregado do Registro estava a trabalhar no campo,apontava os dados da criança e dos pais num livro de papel de fumador e por vezes esquecia-se e deitava-o fora e lá ficava um Registro por fazer(isto acontecia antes da criação da Freguesia em 1951).
Tratamento de Algumas Doenças
-Toulões aparece também referenciado num estudo sobre a Medicina na Beira Interior, estes extratos foram retirados da Revista “Medicina na Beira Interior da Pré-História ao século XX”. População do conselho de Idanha-a-Nova (1860-1910) “a legislação saída da República, logo em 1910, obrigava os Párocos a entregar todos os Livros de Registro de Batizado, Casamentos e Óbitos, nos Registros Civis da área. Em face de esta situação os Bispos ordenaram aos Párocos uma rápida cópia-resumo dos mesmos Livros. São os Livros de Extratos de Regis tos de Batismo, Casamento e Óbitos, a principal fonte Histórica utilizada. Existem e foram consultados, os de Idanha-a-Nova, Ladoeiro, Proença-a-Velha, Rosmaninhal, Salva terra do Extremo (com Monfortinho), São Miguel de Acha, Segura e Zebreira (com Toulões) e então se verificou que existia em todo o conselho uma taxa de natalidade elevada que ronda ou ultrapassa mesmo os 40/100, que ultrapassa a média Nacional que é 33, 5, e a quinta a nível Europeu a seguir á Rússia, Hungria, Espanha e Grécia. Nos períodos anteriores 1855 a taxa do conselho é a segunda da Europa (>=40) a seguir á Rússia. A taxa de mortalidade é igualmente elevada ronda os 20 nos anos 1878 e 1910. Segundo os Regis tos vê-se que a escolha do dia do casamento é importante, os dias preferidos são 4ª e 5º feira, seguidos de 2ª e Sábado. Consegue-se também ver neste estudo como algumas doenças eram tratadas na época (ainda á bem pouco tempo se deixaram de usar alguns destes tratamentos), por exemplo, os carbúnculos ampolas criadas pelas picadas das moscas dos animais, eram queimadas na forja do ferreiro; a portuguesa (urticária) era tratada vestindo o doente com roupa suja de homem; a sarna untava-se o corpo do doente com petróleo; o sarampo a criança atacada era embrulhada num cobertor vermelho durante 5/6 dias; o mal nascido, cancro, comia toucinho ou pó de sapo (metia-se um sapo vivo a cozer e o que restava moía-se e colocava-se o pó em cima do nascido); os cobrões eram tratados com óleo de trigo apertado o quente sobre a bigorna do ferreiro; as sezões ou maleitas (febres de quente e de frio) bebiam-se chá feito a partir da flor silvestre (fel da (Terra).





Festa de Santo Antônio de Roça Grande 
13 de Junho


A festa de Santo Antônio em Roça Grande é famosa e muito conhecida em todo o Estado. Roça Grande é considerada pelos historiadores, como "centro de peregrinação dos devotos de Santo de Antônio".
Registros sobre a história da localidade contam que o paulista Francisco Rodrigues Penteado e seus irmãos estavam mineirando nos princípios do século XVIII, e fundaram o arraial de Santo de Antônio do Bom Retiro da Roça Grande. Salomão de Vasconcelos conta que Roça Grande foi fundada pelo Bandeirante Borba Gato quando passou por aquela região. Com frequência a localidade é chamada de Bom Retiro de Roça Grande, Santo Antônio de Roça Grande e até simplesmente de Bom Retiro.

Milhares de pessoas de diversas regiões do Estado vão a Roça Grande, para cumprir promessas e agradecer as graças alcançadas.
Junto aos romeiros, ouve-se falar das mais variadas formas para se conseguir uma graça através de Santo Antônio.
Uma das maneiras é dobrar um papel em três partes contendo o nome do rapaz com o qual se deseja casar e guardando-o debaixo do travesseiro. Se, em três dias a moça não for pedida em casamento, a imagem de Santo Antônio é retirada do oratório e colocada num coador de café, ou, se Santo Antônio não consegue a graça de um marido para a jovem candidata, então a sua imagem fica dependurada de cabeça para baixo atrás da porta. Outros devotos garatem que alcançam graças incalculáveis, como cura de doenças entre outras.
As romarias são realizadas sempre no dia 13 de junho, com missas realizadas durante todo o dia na matriz de Roça Grande.








Rendimento: 15 porções
Receita do livro "Santas Receitas".  
Ingredientes
1 kg de farinha de trigo
30 gr de sal
80 gr de açúcar
100 gr de manteiga Mococa 
120 gr de fermento biológico fresco
4 unidade(s) de ovo
300 ml de leite
Modo de preparo
Misture todos os ingredientes e sove bem. Dê forma aos pãezinhos e deixe crescer, até dobrar de volume. Asse em forno pré-aquecido a 200 º C, até dourarem.


Para Nunca Faltar Alimento ou Para Arrumar Casamento 
O pãezinho de Santo Antônio é distribuído todo dia 13 de junho, dia do santo, nas igrejas. Todos eles são bentos pelos padres. Para ter abundância em comida, guarde o pãozinho dentro de lata de arroz o ano inteiro. Para arrumar casamento, é preciso ganhar o pãozinho de alguém da família ou de um(a) amigo(a). 

sexta-feira, 27 de maio de 2011

quinta-feira, 26 de maio de 2011

feng-shui chinês*

Fugindo do tema, mas para aculturação nosso , recebi do amigo Vilela esse material que passo a divulgar
.

  É um Mistério, quem explica? 
 Olá!

       É um mistério; ou não! 
Este ano vamos experimentar quatro datas incomuns ....
1/1/11, 1/11/11, 11/1/11, 11/11/11 e         Tem mais!!!
Pegue os últimos 2 dígitos do ano em que você nasceu mais a
idade que você vai ter este ano e a sua soma será igual a
111 para todos!
Por exemplo: o Johnatan nasceu em 1981 è 81 + 30 = 111
ALGUEM EXPLICA O QUE É ISSO ????
É o Ano do dinheiro!!!
Este ano Outubro terá 5 domingos, 5 segunda feira e 5 sábados.
Isto acontece uma vez a cada 823 anos. 
 Estes anos são conhecidos como 'moneybags'. 
Passe para 8 boas pessoas e o dinheiro aparece em 4 dias, 
baseado no feng-shui chinês.
 Quem parar não recebe; é um mistério...
Bom, não custa tentar.... 

Abraços,
              
* obs:


Feng Shui 風水 ou 風水 (Pinyin: fēngshuǐ) é um termo de origem chinesa, cuja tradução literal é vento e água. Sua pronúncia correta em mandarim é "fon xuei". Os mesmos ideogramas 風水 são utilizados em outros países da Ásia com um sentido semelhante: no Japão (fūsui), Coreia (pung-su) e Vietnam(phong-thủy).
Feng Shui, vem da pronúncia americanizada, expressa o barulho do vento e da água, é onomatopeico,fon suei, na língua original, em português seria como: fú, chuá.[carece de fontes]
Segundo esta corrente de pensamento, estabelecendo uma relação yin/yang, os ideogramas Feng eShui (respectivamente Vento - yang - e Água - yin -) representariam o conhecimento das forças necessárias para conservar as influências positivas que supostamente estariam presentes em um espaço e redirecionar as negativas de modo a beneficiar seus usuários
-- 

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Roça Grande não tem veado! veja nossa fauna

Os veados são mamíferos da ordem dos artiodáctilos pertencentes, em senso estrito, à família Cervidae. Entretanto, várias espécies semelhantes, de outras famílias da mesma ordem, são também chamados veados. Em Portugal é normalmente usada esta designação para referir os veados-vermelhos.
São encontrados em todo o mundo, exceto na Austrália (as espécies que lá vivem, embora em estado selvagem, foram introduzidas na colonização). Os machos da maioria das espécies desenvolvem esgalhos, galhadas ou hastes (e não cornos, o que distingue o grupo dos outros ruminantes) no crânio, que são renovados anualmente. São usados como arma durante a estação de acasalamento, nos combates entre machos. Os veados sem esgalhos possuem longos caninos superiores, que usam como arma. Os veados são polígamos.
Os veados são herbívoros com alimentação específica devido à pouca especialização do seu estômago, que não digere vegetação fibrosa como erva. Assim, alimentam-se principalmente de rebentos, folhas, frutos e líquenes. Têm ainda elevados requerimentos nutricionais de minerais que lhes permitam crescer novos esgalhos todos os anos.
Certas espécies de veados ao longo das Américas foram quase exterminadas por ser sua carne considerada uma iguaria. Muitas espécies estão ameaçadas de extinção.
O menor veado conhecido é o Muntiacus putaoensis, encontrado em 1997 em Myanmar, com apenas 45 cm de altura.
HABITAT E ALIMENTAÇÃO :
O seu habitat preferido são os bosques de folha caduca e de caníferas – com zonas abertas – e os matagais.O veado é um animal de pasto mas recorre igualmente ao estrato arbustivo, com a sua grande corpulência, atingem com facilidade a rama de algumas árvores. São da preferência destes animais as folhas de ulmeiro, freixos, choupo , sobreiro, oliveira, castanheiro, carvalho, zambujeiro, azinheira, e figueira. Quanto aos frutos, que desempenham um papel importante na sua alimentação , têm preferência especiais por bolota , castanhas , frutos de pilriteiro, azeitonas e figos. Alimentam-se ainda de alguns cogumelos, líquenes e casca de algumas árvores como por exemplo de oliveira, zambujeira e ulmeiro:


Fauna Mineira



Anta
A anta (Tapirus terrestris) é um dos animais do Cerrado.
O Cerrado apresenta grande variedade em espécies em todos os ambientes, que dispõem de muitos recursos ecológicos, abrigando comunidades de animais com abundância de indivíduos, alguns com adaptações especializadas para explorar o que fornece seu habitat.

jaguatirica
No ambiente do Cerrado são conhecidos até o momento mais de 1.500 espécies de animais, entre vertebrados (mamiferos, aves, peixes,repteis e anfíbios) e invertebrados(insetos, moluscos, etc). Cerca de 161 das 524 espécies de mamíferos(pertencentes a 67 gêneros) estão no Cerrado. Apresenta 837 espécies de aves, 150 de anfíbios (das quais 45 são endêmicas), 120 espécies de répteis (das quais 40 são endêmicas). Apenas no Distrito Federal há 90 espécies de cupins, 1.000 espécies de borboletas e 500 de abelhas e vespas.


lobo guará

Devido à ação do homem, o Cerrado passou por grandes modificações, alterando os diversos habitats e, consequentemente, apresentando espécies ameaçadas de extinção. Dentre as que correm risco de desaparecer estão o tamanduá-bandeira, a anta, o lobo-guará, o pato-mergulhão, o falcão-de-peito-vermelho, o tatu-bola, o tatu-canastra, o cervo, o cachorro-vinagre, a onça-pintada, a ariranha e a lontra

Tamanduá bandeira

 conclusão


Temos Tatú


cobras



micos e macacos
, tamandua,


 aves de tipos variados, 




 mas 
 VEADOS 


NÃO!



E para terminar, veja como salvar um amigo veado









sábado, 14 de maio de 2011

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Treze de Maio há de se comemorar ou lamentar a abolição?


Artigo escrito por Milton Santos, geógrafo, professor emérito da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP 
Fonte: Folha de S.Paulo - Mais - brasil 501 d.c. - 07 de maio de 2000 


Ser negro no Brasil hoje
Milton Santos



Há uma freqüente indagação sobre como é ser negro em outros lugares, forma de perguntar, também, se isso é diferente de ser negro no Brasil...


Há uma frequente indagação sobre como é ser negro em outros lugares, forma de perguntar, também, se isso é diferente de ser negro no Brasil. As peripécias da vida levaram-nos a viver em quatro continentes, Europa, Américas, África e Ásia, seja como quase transeunte, isto é, conferencista, seja como orador, na qualidade de professor e pesquisador. Desse modo, tivemos a experiência de ser negro em diversos países e de constatar algumas das manifestações dos choques culturais correspondentes. Cada uma dessas vivências foi diferente de qualquer outra, e todas elas diversas da própria experiência brasileira. As realidades não são as mesmas. Aqui, o fato de que o trabalho do negro tenha sido, desde os inícios da história econômica, essencial à manutenção do bem-estar das classes dominantes deu-lhe um papel central na gestação e perpetuação de uma ética conservadora e desigualitária. Os interesses cristalizados produziram convicções escravocratas arraigadas e mantêm estereótipos que ultrapassam os limites do simbólico e têm incidência sobre os demais aspectos das relações sociais. Por isso, talvez ironicamente, a ascensão, por menor que seja, dos negros na escala social sempre deu lugar a expressões veladas ou ostensivas de ressentimentos (paradoxalmente contra as vítimas). Ao mesmo tempo, a opinião pública foi, por cinco séculos, treinada para desdenhar e, mesmo, não tolerar manifestações de inconformidade, vistas como um injustificável complexo de inferioridade, já que o Brasil, segundo a doutrina oficial, jamais acolhera nenhuma forma de discriminação ou preconceito. 

500 anos de culpa 

Agora, chega o ano 2000 e a necessidade de celebrar conjuntamente a construção unitária da nação. Então é ao menos preciso renovar o discurso nacional racialista. Moral da história: 500 anos de culpa, 1 ano de desculpa. Mas as desculpas vêm apenas de um ator histórico do jogo do poder, a Igreja Católica! O próprio presidente da República considera-se quitado porque nomeou um bravo general negro para a sua Casa Militar e uma notável mulher negra para a sua Casa Cultural. Ele se esqueceu de que falta nomear todos os negros para a grande Casa Brasileira. Por enquanto, para o ministro da Educação, basta que continuem a frequentar as piores escolas e, para o ministro da Justiça, é suficiente manter reservas negras como se criam reservas indígenas. A questão não é tratada eticamente. Faltam muitas coisas para ultrapassar o palavrório retórico e os gestos cerimoniais e alcançar uma ação política consequente. Ou os negros deverão esperar mais outro século para obter o direito a uma participação plena na vida nacional? Que outras reflexões podem ser feitas, quando se aproxima o aniversário da Abolição da Escravatura, uma dessas datas nas quais os negros brasileiros são autorizados a fazer, de forma pública, mas quase solitária, sua catarse anual? 

Hipocrisia permanente 

No caso do Brasil, a marca predominante é a ambivalência com que a sociedade branca dominante reage, quando o tema é a existência, no país, de um problema negro. Essa equivocação é, também, duplicidade e pode ser resumida no pensamento de autores como Florestan Fernandes e Octavio Ianni, para quem, entre nós, feio não é ter preconceito de cor, mas manifestá-lo. Desse modo, toda discussão ou enfrentamento do problema torna-se uma situação escorregadia, sobretudo quando o problema social e moral é substituído por referências ao dicionário. Veja-se o tempo politicamente jogado fora nas discussões semânticas sobre o que é preconceito, discriminação, racismo e quejandos, com os inevitáveis apelos à comparação com os norte-americanos e europeus. Às vezes, até parece que o essencial é fugir à questão verdadeira: ser negro no Brasil o que é? Talvez seja esse um dos traços marcantes dessa problemática: a hipocrisia permanente, resultado de uma ordem racial cuja definição é, desde a base, viciada. Ser negro no Brasil é frequentemente ser objeto de um olhar vesgo e ambíguo. Essa ambiguidade marca a convivência cotidiana, influi sobre o debate acadêmico e o discurso individualmente repetido é, também, utilizado por governos, partidos e instituições. Tais refrões cansativos tornam-se irritantes, sobretudo para os que nele se encontram como parte ativa, não apenas como testemunha. Há, sempre, o risco de cair na armadilha da emoção desbragada e não tratar do assunto de maneira adequada e sistêmica. 

Marcas visíveis 

Que fazer? Cremos que a discussão desse problema poderia partir de três dados de base: a corporeidade, a individualidade e a cidadania. A corporeidade implica dados objetivos, ainda que sua interpretação possa ser subjetiva; a individualidade inclui dados subjetivos, ainda que possa ser discutida objetivamente. Com a verdadeira cidadania, cada qual é o igual de todos os outros e a força do indivíduo, seja ele quem for, iguala-se à força do Estado ou de outra qualquer forma de poder: a cidadania define-se teoricamente por franquias políticas, de que se pode efetivamente dispor, acima e além da corporeidade e da individualidade, mas, na prática brasileira, ela se exerce em função da posição relativa de cada um na esfera social. 
Costuma-se dizer que uma diferença entre os Estados Unidos e o Brasil é que lá existe uma linha de cor e aqui não. Em si mesma, essa distinção é pouco mais do que alegórica, pois não podemos aqui inventar essa famosa linha de cor. Mas a verdade é que, no caso brasileiro, o corpo da pessoa também se impõe como uma marca visível e é frequente privilegiar a aparência como condição primeira de objetivação e de julgamento, criando uma linha demarcatória, que identifica e separa, a despeito das pretensões de individualidade e de cidadania do outro. Então, a própria subjetividade e a dos demais esbarram no dado ostensivo da corporeidade cuja avaliação, no entanto, é preconceituosa.
A individualidade é uma conquista demorada e sofrida, formada de heranças e aquisições culturais, de atitudes aprendidas e inventadas e de formas de agir e de reagir, uma construção que, ao mesmo tempo, é social, emocional e intelectual, mas constitui um patrimônio privado, cujo valor intrínseco não muda a avaliação extrínseca, nem a valoração objetiva da pessoa, diante de outro olhar. No Brasil, onde a cidadania é, geralmente, mutilada, o caso dos negros é emblemático. Os interesses cristalizados, que produziram convicções escravocratas arraigadas, mantêm os estereótipos, que não ficam no limite do simbólico, incidindo sobre os demais aspectos das relações sociais. Na esfera pública, o corpo acaba por ter um peso maior do que o espírito na formação da socialidade e da sociabilidade. 
Peço desculpas pela deriva autobiográfica. Mas quantas vezes tive, sobretudo neste ano de comemorações, de vigorosamente recusar a participação em atos públicos e programas de mídia ao sentir que o objetivo do produtor de eventos era a utilização do meu corpo como negro -imagem fácil- e não as minhas aquisições intelectuais, após uma vida longa e produtiva. Sem dúvida, o homem é o seu corpo, a sua consciência, a sua socialidade, o que inclui sua cidadania. Mas a conquista, por cada um, da consciência não suprime a realidade social de seu corpo nem lhe amplia a efetividade da cidadania. Talvez seja essa uma das razões pelas quais, no Brasil, o debate sobre os negros é prisioneiro de uma ética enviesada. E esta seria mais uma manifestação da ambiguidade a que já nos referimos, cuja primeira consequência é esvaziar o debate de sua gravidade e de seu conteúdo nacional. 


Olhar enviesado 

Enfrentar a questão seria, então, em primeiro lugar, criar a possibilidade de reequacioná-la diante da opinião, e aqui entra o papel da escola e, também, certamente, muito mais, o papel frequentemente negativo da mídia, conduzida a tudo transformar em "faits-divers", em lugar de aprofundar as análises. A coisa fica pior com a preferência atual pelos chamados temas de comportamento, o que limita, ainda mais, o enfrentamento do tema no seu âmago. E há, também, a displicência deliberada dos governos e partidos, no geral desinteressados do problema, tratado muito mais em termos eleitorais que propriamente em termos políticos. Desse modo, o assunto é empurrado para um amanhã que nunca chega. 
Ser negro no Brasil é, pois, com frequência, ser objeto de um olhar enviesado. A chamada boa sociedade parece considerar que há um lugar predeterminado, lá em baixo, para os negros e assim tranquilamente se comporta. Logo, tanto é incômodo haver permanecido na base da pirâmide social quanto haver "subido na vida". 
Pode-se dizer, como fazem os que se deliciam com jogos de palavras, que aqui não há racismo (à moda sul-africana ou americana) ou preconceito ou discriminação, mas não se pode esconder que há diferenças sociais e econômicas estruturais e seculares, para as quais não se buscam remédios. A naturalidade com que os responsáveis encaram tais situações é indecente, mas raramente é adjetivada dessa maneira. Trata-se, na realidade, de uma forma do apartheid à brasileira, contra a qual é urgente reagir se realmente desejamos integrar a sociedade brasileira de modo que, num futuro próximo, ser negro no Brasil seja, também, ser plenamente brasileiro no Brasil. 



Artigo escrito por Milton Santos, geógrafo, professor emérito da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP 
Fonte: Folha de S.Paulo - Mais - brasil 501 d.c. - 07 de maio de 2000 


domingo, 1 de maio de 2011

os cornos da Roça grande


Os cornos 


Os cornos (também chamados chifres ou hastes) são apêndices da cabeça de alguns mamíferos. Podem ter forma pontiaguda, como no boi, podem ser pequenos e cobertos de pele, como na girafa, ou ser ramificados, como no alce.

Nos animais da ordem Artiodactyla, à qual pertencem o boi, a cabra e os antílopes, os cornos são ósseos e crescem sobre o frontal; na girafa, são também ósseos, mas com uma estrutura diferente, constituídos por ossicones; nos rinocerontes, os cornos são de origem dérmica, sem um núcleo e estão colocados sobre os ossos nasal ou frontal, em posição média.
Vários outros grupos de animais possuem apêndices na cabeça, como as antenas dos artrópodes e, por vezes, principalmente quando são fortes, são também (embora erradamente) chamados cornos; outros exemplos são os “cornos” dos caracóis.


cornos verdadeiros: nos ruminantes (ex.: bois vacas e carneiros), são ocos com epiderme queratinizada que reveste uma projeção óssea do crânio. São permanentes, não-ramificados, podem ser curvados, crescem continuamente e ocorrem em ambos os sexos.

Roça grande já teve uma grande quantidade de ruminante, principalmente cabritos. 

Quem que na faixa de idade de quarenta e cinqüenta anos não se lembra da Dona Maria dos cabritos, seu  Antônio do Mato, Zé Avelino, Seu Gervacio, Seu Francisco.seu Décio e outros que vendiam os leite das cabras e vaca. Não tinha essa frescuragem de pasteurização.
Existia nesta época a dona Maria do fato, que ia de matadouro em matadouro, buscar o estomago do boi e nos vender e minha avó sabia como fazer uma bela buchada (veja no final desta crônica, como preparar alguns pratos típico da rocinha), o peixeiro. Quem não se lembra do homenzinho gordo e baixinho que ia de porta em porta vender as tainhas e dourados de qualidade duvidosa, mas que eu sábia nunca matou ninguém.
O leite que se vendia na década de sessenta era uma delicia, seu Antônio do Mato levantava cedo e juntamente com seus filhos, Zé peão, Toninho e Carlinhos Roque, ordenhava e distribuía o leite fresco e forte de toda a manhã.
Esse leite fortificou muitas gerações e seu  Antônio do Mato tinha a Mimosa campeã de leite, ela tirava mais de cinco litros de leite por dia, a minerva, a rosinha, a violeta e a cheirosa, essas vaquinhas fizeram a refeição de uma geração, que cresceu forte e sadia. A carne que nos alimentava de vez enquanto vinha da linha férrea , quando um boi ou uma cabra era atropelado por uma composição, no nosso linguajar “um trem de ferro”, era uma festa.

A carne era tão boa, a vigilância sanitária ia ficar de cabelo em pé ao ver cada um dos pais de família armado com um machadou ou facão destrinchando o infeliz ruminante, pegando o seu quinhão indo fazer o seu churrasquinho. Os bois de seu Antônio do Mato era famoso por sua beleza viril e também pela ferocidade. Tinha o Melão, um boi preto com cara de pouco amigo e que por segurança ficava só no curral, pois adorava correr e chifrar os moradores.

Raimundo chapa três, no auge de suas forças, resolveu encarar o ruminante e sem que seu  Antônio do Mato pudesse impedir, ele pulou o cercado e se atracou com o Melão. Foi um Deus nos acuda, Melão bufava e babava preso num louca gravata dada por Chapa três, chapa três atracado com Melão era jogado de um lado para o outro, mas não largava o chifre do bólido de carne e pêlo. Final da história, Melão jogou o desafiante á uma altura de quase três metros  fato  que lhe  custou uma costela e uma perna fraturada.


Roça grande na década de sessenta e setenta era a típica cidade do interior, vacas na rua, burricos carregando areias, lenhas e tijolos, o leite de vaca e cabra era vendido em latões e nossas mães quando ouvia as sinetas do leiteiro corria á porta com o bule para pegar o leite, que nunca nos fez mal.
Bons tempo. Foi embora o seu  Antônio do Mato, seu Arlindo com seu burrico, Dona Maria do fato, com sua Lata de vinte litros na cabeça e toda uma historia maravilhosa de simplicidade e pureza que o progresso está aos pouco destruindo;

Já pensou o mundo sem uma vaquinha para nos brindar com um litro de leite?

Do jeito que caminha as coisa, filé e churrasquinho, as próxima geração só conhecerão somente através de fotografias e vídeo.
Por isso pessoal, vamos valorizar os donos dos belos chifres e seu pastos.
Também dizer não ao desperdício de água, o assoreamento de nossos rios.
Incrementar a coleta seletiva de nosso lixo e cobrar de nossos governantes, medidas enérgica 
visando proteger o meio ambiente
Preserve nossa historia. Preserve a natureza. Preserve a vida.


Receita dos pratos que fizeram sucesso em Roça grande nas 
décadas de 50.60;70 e ainda é um referencial


·         Buchada de boi ou dobradinha
·          
·         Ingredientes
ü  1 Kg de bucho de boi limpo
ü  2 limões
ü  2 colheres de vinagre
ü  Alho pilado com sal
ü  Corante
ü  Cominho
ü  Pimentão
ü  Cebola
ü  Tempero verde a vontade
ü   
·         Modo de preparo
  1. Corte o bucho em pequenos pedaços e ferva em água com vinagre
  2. Escorra e ferva novamente com água e limão, escorra
  3. Leve ao fogo com água, alho, cominho e corante
  4. Deixe cozinhar por 30 minutos, coloque o tempero restante e leve ao fogo novamente
  5. Sirva quente e com arroz branco

Segredo do  famoso peixe de Santo Antônio servido nas barracas de Roça Grande



·         Ingredientes
ü  1/2 kg ( filé de peixe dourado ou a gosto)
ü  2 colheres de trigo
ü  Sal a gosto
ü  Pimenta seca (a gosto)
ü  Limão (a gosto)
ü  Óleo
·         Modo de Preparo
  1. Tempere o peixe com sal, pimenta seca e limão, deixe descansar por 10 minutos
  2. Depois passe o peixe no trigo e deixe secar
  3. Após coloque a frigideira para aquecer com óleo bem quente
  4. Coloque bem devagar 1 por 1 e deixe ficar bem crocante
Até hoje os romeiros vem a Roça grande á  procura desses dois pratos.