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terça-feira, 14 de maio de 2013

Que magia é essa?






De olhar as montanhas

E sentir a magia que flui o espaço de Deus...

Que magia é essa?

De andar quilômetros

E pedir ao Santo português um milagre de cura

De casamento , de paz.

A magia de uma gente humilde

Que planta a raça,

Que planta a humildade,

A paz, a guerra.

Magia nascida lá da África,

Dos quilombos, dos garimpos...

Magia da dominação portuguesa

Mesclada com a italiana e a britânica.

Tudo sintetizado no arraial de Santo Antonio da Roça Grande.

Terra de Santo Antonio , Maria Radespield Benfica, da alegria de Castro Brandão,

Da genialidade de Chico plácido, do conservadorismo de padre Luiz

Da delicadeza de padre Antonio de Moura Lima;

Da hombridade sem macula de Arlindo Fernandes

E até na alegria de viver de Jovelino.

O encantamento de viver no interior, perto da capital,

Da gente simples, solidaria, típica do interior;

A agia de acreditar em Deus,

Olhar em cada criança, que nasce no bairro

A esperança de ver o orgulho resplandecer no coração

De cada um dos habitantes, embalado na utopia de Valdemar Arcanjo

Que ama e acredita na Roça grande

Que plantou o alimento de sobrevivência

E plantará, doravante , o alimento da cultura

E de Progresso.






Jeanny Dixon

Jeanny Dixon é estudante de comunicação social

filha do escritor "Valdemar Arcanjo"





O CORTE DO ALEMÃO



Final da década de 50, principio da subsequente época produtiva do Brasil.

Como o final da terrível segunda Guerra Mundial, o Brasil recebe imigrantes de todo o mundo, principalmente italianos, alemães e japoneses.

Muitos desses imigrantes jogaram toda a sua sorte nesta aventura e acredito que o moral e a baixa-estima em voga, causados pela derrota dos países do Eixo na guerra, era um fator que teria que ser suplantado.

E parece que essa não foi à meta de um estranho senhor que desembarcou na estação de Roça grande.

Quem presenciou a chegada a chegada deste inusitado visitante, notou seu semblante, triste, capunchito, derrotado ao entrar na igrejinha de Santo Antonio, vagar pelo cemitério local, sentar ao lado de fora do bar do Odilon e caminhar pela linha férrea.

Foi vagando, e para os simples moradores locais, aquele homem branco feito à neve de olhos azuis era uma tremenda novidade numa segunda- feira.

Eram dez horas da manhã e o subúrbio que passava no bairro já apitava ao longe.

O estranho homem sentou-se na beira da linha férrea no local onde havia duas altas paineiras e a portaria do Hospital Cristiano Machado.

Trabalhadores do então Sanatório para Hansenianos horrorizados viram quando aquele homem, vendo o trem das dez se aproximava, deitou de bruços e, num ato insano, colocou a cabeça nos trilhos e o pesado veículo ferroviário decepou a sua cabeça germânica.

O motivo para essa loucura ninguém soube e nunca saberá; comenta-se que a Guerra derrota da Alemanha de Hitler não fora digerida por esse homem, que achou resistência no mercado de trabalho e negócios, como todo povo alemão.

O lugar ficou conhecido como “corte do Alemão”





segunda-feira, 13 de maio de 2013

44000



cacique Korkibs , descendente da tribo tupi-guarani morador do bairro e pessoas folclórica do bairro.

quinta-feira, 9 de maio de 2013

UM ROÇA GRANDENSE NA CORTE DE COLLOR DE MELO




Bernardo Rodrigues Ricardo, o BR de Rocinha, rapaz muito comunicativo, estudioso e carismático. Conhecido na roda de amigos como Bernardão, sempre foi um rapaz lutador e cheio de curiosidade.
Meu amigo do peito, apesar de estar economicamente bem, não perdeu a sua simplicidade de menino autentico da Roça.
Tentei por muitas vezes coloca-lo no mercado de trabalho, visitei políticos amigos meus e era promessa e nada de concreto se estabelecia.
Por seus próprios méritos, Bernardão conseguiu uma vaga de auxiliar de projetista numa conceituada indústria de vidros de Belo Horizonte.
Quando ele me ligou, não cabia em si de contente e eu também, era mais um a caminho do sucesso e da dignidade.
Com seu jeito simples, Bernardão foi adquirindo confiança e carinho entre seus companheiros e superiores. Sorriso franco, aquela voz de trovão numa atitude responsável de criança, apesar de já ter seus vinte e quatro anos.
A minha diversão era, na hora do almoço no hospital das clinicas da UFMG, ligar para a vidraçaria e pedir para falar na sala do Bernardão, pois sabia que no mínimo, o que ele estava fazendo era estudar. Ouvir seus relatos do dia -a- dia, sempre temperado com um grande bom humor, era uma alegria para mim.
Um dia ele me ligou. Falou tão alto que quase explodiu meus tímpanos:

- Nero, eu vou ao casamento da filha da ministra! – Gritou ele do outro lado da linha.
- Que ministra? Inquiri. Da eucaristia? –brinquei.
- Não! – Gritou ele. _ do trabalho, eu vou ao casamento da filha da Dorothéa Werneck!
- Endoidou! – Pensei.
- O dono da empresa que trabalho vai nessa tarde para Brasília e convidou a mim e mais dois companheiros para irmos e eu vou... Vou ser grã-fino pelo menos uma vez na vida –trovejou o bem humorado amigo.
- Vai, mas não se esqueça de ir a rigor. Em festa de bacana tem que estar no clima. Não seja um peixe fora dágua La no lago Paranoá”.



Ele nem sabia a que lago eu me referia, seu entusiasmo era tanto que só pensava na viagem e no que iria viver.
Viajaram. Um Monza classic. Faria o percurso da capital das alterosas á mais poderosa capital da America do sul. Seriam doze horas de viagem até Brasília. Nem a vacina contra a febre amarela que todo turista tem que tomar quando chega á Luzilândia (GO) tirou o bom humor do nosso amigo.
Chegaram á capital federal.


O sono não venceu Bernardão. Foi conhecer os principais focos turísticos da caçulinha brasileira. Encantou-se com o palácio da Alvorada e do Planalto, literalmente babou com a altura do mastro da bandeira e o tamanho do símbolo nacional, comentou com uma simplicidade encantadora que o pano em que foi confeccionado a bandeira nacional daria para cobrir metade do campo de futebol da Rocinha.
Fora avisado por um de seus companheiros de viagem que deveria se aprontar para o casamento na Catedral de Brasília.


Vestiu seu terno “jeans”, sapato esportivo, camisa cor rosa e teve a intuição de não por gravata.
Feito isso, partiram os quatros para a Catedral de Brasília.
Até para entrar fora um sacrifício. Só as pessoas convidadas poderiam participar da cerimônia.
Confidenciou-me que um cara de índio havia reparado bastante nele e pergunto se ele estava na cerimônia certa, pois todos usavam “Black-tie e ele com roupa” esportivos (o que é mesmo Black-tié? Ele não sabia. Deve ser alguma marca de creme dental... Mas pra que ele precisaria de creme dental na Catedral de Brasília, ou esse cara de índio achava que ele não havia escovado os dentes, mas para que ele iria escovar os dentes na hora do casamento, se havia escovado antes, e o que o cara de índio tinha a ver com isso?) to nem aí... pensou o confuso amigo.
Quando ele entrou na Catedral, um susto. Em cima de sua cabeça, vários anjos enormes pendurados por um fino cabo de aço (ou será titânio?). Os anjos deveriam pesar umas três toneladas e eram lindos, como é lindo o ambiente daquela que é um dos belos templos católicos da America.


De longe, mas muito perto de qualquer Sabarense, mortal, quem ele vislumbra?
Resposta recheada com muita euforia e entusiasmo: A Rosane Collor de Mello.
Era ela, ele tinha certeza, como era linda, que olhos, que elegância! Que boneca “collorida”... Que não sei o que....
Bernardão estava no céu.
Se fosse mulher, ele seria a Cinderela aguardando o príncipe encantado.
A ministra estava linda, o seu sorriso contagiava o ambiente. Personalidades do país inteiro estavam presentes e o que qualificava a importância do personagem era o numero de seguranças que o cercavam. E que brucutus ele eram, pareciam armários enormes, com cara de poucos amigos e olhando para tudo que era lado, procuravam não sei o que pois sempre estavam encarando as pessoas. Avaliou o Sabarense Bernardão.
Terminada a cerimônia, os portões da mansão da ministra no lago Paranoá se abriram para receber os convivas.
Bernardão estava em êxtase. Fora admitido na festa, apesar de seu traje esportivo, não condizente com o tipo de recepção, se sentiu á vontade.
O salão de festa era coisa inimaginável: lustre que pareciam feitos com pedras preciosas de intenso brilho, mesas maravilhosas, chegou a concluir que se Deus todo poderoso fosse adquirir uma messa, certamente levaria aquela, de tão divina e graciosa que era.


Os garçons eram anjos que deslizavam pelo salão levando o néctar dos deuses.
Encantou-se com um negocio que parecia feijão preto e que só podia comer com outro negocio que tinha jeito de torrada, cara de torrada, gosto de torrada, mas não era torrada. Era um tal de “croissant”, mas ele jurava que era torrada, mas que diacho dar apelido pro pão!


Queria pegar uma porção dele e fazer um belo dum sanduíche mas a etiqueta exigia que comesse um pedacinho que não dava pra tapar o buraco do dente. “paciência”!
Os garçons, muito elegantes e corteses, sempre vinham e ofereciam aquele feijão preto servido na tacinha de prata.
Não aguentando de curiosidade, perguntou para o garçom:
- Puxa, isto é ótimo, o que é?
-Ovas de esturjão- respondeu o serviçal.
-Ta bom -insistiu- e o que é “ovas de esturjão”?
- Senhor, isto é vulgarmente chamado de “caviar”, que é um produto retirado de dentro de um peixe que abunda o mar Báltico na região da Sibéria, ex república Socialista Soviética, denominada “Rússia”.
- Em português claro, isto que o senhor esta saboreando nada mais é do que aborto de peixe!
Sentiu vontade de vomitar. Olho arregalado assustou-se.
Ficou mais calado e quieto em seu canto. – Como podia pessoas comerem aborto de peixe?
Novamente veio garçom com uma porção de algo numa casquinha e uma espécie de colher que se não fosse de prata era de algo lindo feito desse metal.
O serviçal sentiu que Bernardão estava amuado e, cautelosamente se achegou ao ouvido do mineiro e perguntou:
- -Scargô, senhor?
Assustado, Bernardão se virou para o compadecido garçom e se desculpando jurou:
-Olha, estou sentindo o cheiro, mas juro que não fui eu que borrei as calças, não.