Estava pálida . Havia chorado a noite inteira. Seus olhos pareciam arder em brasas.
Não queria ver ninguém. Queria sim! que a morte a levasse.
Como podia ter acontecido isso. Tanto amor, tanto desprendimento e de repente tudo acaba. Tião não deveria ter feito isso comigo! – lamentava Patrícia
Tudo começou num simples olhar , La na mercearia do sô Tino , o pedido de ajuda para carregar as compras e um até logo.
Sebastião um negro bem apessoado , filho de Quirino funileiro , tinha a fama de conquistador e quando viu a recém habitante do bairro , edulcorou seu biquinho doce e partiu para a conquista.
Patrícia uma loira de um metro e sessenta de altura, corpo muito bem delineado , boca grande e carnuda , tinha como atributo maravilhoso um sorriso que faria qualquer estatua se arrepiar e gamar . Patrícia era o sonho de conquista da metade mais cinqüenta e um por cento dos homens de Roça grande.
Viera da cidade mineira de Mantena , onde muitos moradores escolheram o bairro de Roça grande para fixar moradia por ser perto da capital dos “uais”, Belo Horizonte.
Com esse contato vieram outros e mais outros, até que resolveram se enamorar. Noivaram e no dia 23 de setembro de mil novecentos e setenta e dois , Sebastião Ambrósio e Patrícia Coralina , davam entrada á igrejinha de Santo Antonio da Roça Grande e perante ao padre Luiz , juraram fidelidade , respeito e amor eterno para a felicidade de uns e lamentos de outros , que ainda tinham esperança de namorar ou casar com um dos dois nubentes
Os cinco primeiro anos de casamento foram uma maravilha. Tião conseguiu ingressar na companhia Siderúrgica Belgo Mineira e comprou uma casinha na Rua Edith em Roça grande . Patrícia tivera nesse período três crianças, que eram a alegria do lar.
As amigas de Patrícia de quando em vez iam visita-la e também trabalhar em artesanato, arte que a esposa do Tião dominava com perfeição. Entre suas amigas ,havia Eloisa.Amiga intima que morava bem ao lado de sua casa .
Com ela Patrícia, passava a maioria de seu tempo. Onde suas confidencia eram comentada com maior discrição. Nessas inda e vinda Eloisa sempre comentava que seu marido,Gustavo, era na verdade um déspota. Toda aquela fantasia de um amor eterno , foi por terra já no primeiro ano de casamento.
Gustavo , se revelou , possessivo ,egoísta e violento . Um homem totalmente antissocial, que não admitia nem a visita de parentes em sua residência, tratavam as crianças com aspereza e seu único prazer era ficar em frente a televisão com garrafas de cerveja e torcendo para o seu time de coração.
Quando Eloisa falava de seu casamento , sentia uma revolta em tua voz , um misto de raiva e desilusão e inveja. Sim inveja que sentia por ter sua amiga casado com o homem mais cobiçado do bairro.
Tentava esconder esse sentimento , mas estava ficando evidente que sua ida á casa da amiga , não era somente para ver sua amiga. Tinha um prazer imenso de admirar o esposo dela também.
O tempo foi passando e Eloisa começou a questionar a Patrícia sobre sua vida matrimonial , não era possível que Tião , um homem belo , lhe fosse fiel. Patrícia sorria. Dizia que se ela casou com o mais belo varão da região, ele dera a sorte de casar com a mais linda loira do leste de Minas Gerais. Era a mais pura verdade, Patrícia com trinta anos de idade , era na verdade a mulher mais bonita de Sabará e Tião não ficava atrás. Quando ia a festas populares eram alvos de atenção de muitos admiradores que os contemplavam.
Uma bela manhã , Patrícia ,nem acabara de se levantar , quando alguém lhe bate á porta. Era o carteiro que lhe exibia um telegrama. Seu pai estava em estado grave em sua terra natal e sua presença era solicitada urgentemente.
Sem pensar duas vezes , Patrícia,emocionada tratou logo de preparar a viagem , ligou para seu esposo que estava no trabalho, dizendo que iria viajar com as crianças e partiu rapidamente para Mantena.
No seu ambiente de trabalho Tião preocupado, com o fato excepcional, terminou o seu turno e voltou rapidamente para casa. Ao chegar na pracinha da igreja quase tropeçou em Eloisa que havia acabado de sair da vendinha do Geraldo Rocha.
Que foi? Que pressa é essa?-indagou a vizinha.
-Patrícia viajou e eu estou muito preocupado. Respondeu
- não se preocupe ela volta.
Subiram para suas respectivas residência num dialogo descontraído de dois bons vizinhos.
Como cortesia , mas torcendo que recusasse convidou a vizinha para entrar e tomar um refresco. Para o seu azar ela disse que teria tempo sim, para provar do delicioso suco de maracujá tão abundante em sua propriedade.
Entraram e a conversa se estendeu. Eloisa desfiou um terço de lamentações de sua infeliz vida conjugal e maliciosamente estendeu o olhar para seu confidente que logo percebeu o gesto.
Patrícia é que é feliz . Casou com um belo homem.
Pois é! Retrucou o enaltecido. – também tive sorte ,casei com uma mulher maravilhosa que me ama muito.
Você é amado não só por ela. Tem muitas mulheres que dariam a vida pra te ter.
A conversa estava tomando um rumo diferente e Tião tratou logo de dar fim a ela.
-Não me leve a mal , mas estou louco pra tomar uma chuveirada.
Percebe-se sorriu , Eloisa. Esse corpo maravilhoso esta banhado de suor e sedução.
- Pois é amiga! Até mais ver . Despediu Tião , levantando –se e convidando a amiga a sair.
Furiosa e sentindo se desprezada Eloisa passou em frente ao trincheira férrea , quando algo lhe chamou a atenção: Era uma linda pulseira de couro cravejada de pedras vermelhas. Ao se abaixar , quase cai diante de um pé calçado com sandálias de couro e muito bem definidas.
- Calma ái mulher! Gargalhou a desconhecida. Essa pulseira é minha.
- Desculpe . Eu só ia pegar e admirar. Não gosto de nada que não seja meu!
Uma risada escandalosa saiu da boca da mulher. Uma boca , bem desenhada , dentes alvos muito bem tratados . Emoldurado , num lindo rosto moreno , olhos amendoados negros protegidos por um lindo cabelos negros ondulados e compridos . Que bela mulher!
- Não parece! Sua amiga nem bem virou as costa e você já arrastou as asas para o marido dela, ou você acha que ele não tem dono?
- Quem é você e como sabe disso ?
- Sou uma amiga , que faltava na tua vida. Fica comigo e eu te dou o que você quer.
Atônita , Eloisa não tinha palavras . O desejo de possuir aquele homem , maravilhoso , mexias com os brios íntimos dela. Desejava o marido de sua melhor amiga. Nem que fosse por alguns momento queria a força máscula e selvagem do homem que povoava seus sonhos e imaginação.
-Mas como vou conseguir ter ele. Inquiriu ansiosa.
-Primeiro me jure que vai ficar sempre comigo.
Ansiosa e sem raciocinar , Eloisa fez o que não podia:acedeu ao desejo e luxuria futura.
Recebeu da estranha mulher um frasco com um óleo e a recomendação de voltar imediatamente a casa da amiga e passar um pouco de óleo em qualquer parte do corpo do amado.Assim que pegou o frasco e as instruções , Eloisa deu meia volta e se encaminhou para casa do alvos de seus desejos. Queria agradecer e saber o nome dessa estranha mulher, mas ao se virar , não viu mais ninguém na rua . Somente o precioso frasco que tinha em mãos. Não era sonho , pois o frasco era real e exalava um gostoso perfume de ervas.
Bateu á porta da casa de sua amiga , o coração pulsava forte , as pupilas de seus negros olhos tomaram dimensões gigantesca , quando Tião , abriu a porta.
Estava sem camisa e exibindo um torso nu e peludo, fez aumentar o desejo daquela louca por luxuria.
Tião exibia em seu rosto , o semblante da interrogação: O que queria aquela mulher em sua casa novamente.
Com a desculpa que havia perdido um brinco , adentrou a casa e foi diretamente para o sofá. Fingiu procurar algo e abriu o frasco que a estranha mulher lhe dera. Molhou seu dedos com o estranho perfume e dissimulando cair, se apoiou no homem que tanto lhe causava desejo.
Espalhou nas costa nua de seu interlocutor , o perfume e como num passe de mágica. Sentiu que o semblante de Tião, mudara. Agora ele a olhava com olhos de um garanhão preste a copular com a fêmea. O que se seguiu , foi algo mágico e finalmente , Eloisa tinha nas mãos o homem que sempre cobiçou , ele estava a seus pés implorando carinho e amor.
Nesta noite . Eloisa não voltou para casa . Dormiu a braçada a seu novo amante.
Dias se seguiram e a vizinhança percebeu a anomalia. Gustavo , desconfiado , começou a investigar os passos de sua esposa .Patrícia voltara de sua terra natal , onde fora enterrar teu pai querido e também notara a mudança de atitude de seu amado . Eloisa continuara a freqüentar a residência dos amigos.
Eram tão evidente o romance entre Tião e Eloisa que todo o bairro já sabia, menos Gustavo e Patrícia . As rodas de fofocas elegeram os dois como o prato favorito do ano. Todos comentavam , todos criticavam, repudiavam , a atitudes dos amantes.
O juízo não fazia parte da vidas de Eloisa e Tião até que numa conversa distraída , Patricia ouviu algo que a fez desconfiar. Começou a prestar a atenção a seu marido e segui-lo ,até que se confirmou o que mais se temia. Eloisa e Tião foram surpreendidos em frente ao estadinho do ò no bairro siderúrgica , aos beijos e abraços. Estava desfeito um casamento perfeito. Se sentindo a mulher mais humilhada do mundo , queria saber o motivo dessa vil traição , Tião atordoado só dizia que a sua amante era a mulher da vida dele.
Eloisa sorria. Feliz. Conseguira o homem de sua vida . Largara o seu amante e caminhava sorridente pela Rua Beira Rio , quando ao passar por uma trilha, avistou seu marido, que desconfiando de suas atitudes , também resolvera segui-la.
Viu com horror Gustavo empunhar a sua pistola calibre 32 e disparar bem entre seus lindos olhos um tiro que selou uma vida de sonhos e deslizes a procura da felicidade.
A rua beira Rio e a Rua da Usina encheu de curiosos e policiais , todos queriam ver o que se sucedera nesta tão tranqüila região. Entres os assistentes estava uma linda mulher, morena de olhos amêndoas , sorriso franco e veste coloridas. Ela se aproximou do corpo da infeliz mulher e sussurrou: - Agora você vem comigo.
Ao passar perto de um homem que também observara a cena, esse se assustou e disse num grito de Espanto:Maria Padilha?
Ela se virou , piscou os olhos para quem lhe chamara e caminhou sorrindo pra encruzilhada.