O Protestantismo no Brasil
Alderi Souza de Matos
I. Período Colonial
- Os primeiros protestantes
chegaram ao Brasil ainda no período colonial. Dois grupos são
particularmente relevantes:
1. Os franceses na
Guanabara (1555-1567): no final
de 1555, chegou à Baía da Guanabara uma expedição francesa comandada pelo
vice-almiranteNicolas Durand de Villegaignon, para fundar a "França
Antártica." Esse empreendimento teve o apoio do almirante huguenote Gaspard de Coligny, que seria morto no massacre do dia de São
Bartolomeu (24-08-1572).
- Em resposta a uma carta de
Villegaignon, Calvino e a igreja de Genebra enviaram um grupo de crentes
reformados, sob a liderança dos pastores Pierre Richier e Guillaume
Chartier (1557). Fazia parte do grupo o sapateiro Jean de Léry, que mais tarde estudou na
Academia de Genebra e tornou-se pastor (†1611). Ele escreveria um relato
da expedição, História de uma Viagem à Terra do Brasil, publicado em Paris em
1578.
- Em 10 de março de 1557,
esses reformados celebraram o primeiro culto evangélico do Brasil e talvez
das Américas. Todavia, pouco tempo depois Villegaignon entrou em conflito
com as calvinistas acerca dos sacramentos e os expulsou da pequena ilha em
que se encontravam.
- Alguns meses depois, os
colonos reformados embarcaram para a França. Quando o navio ameaçou
naufragar, cinco deles voltaram e foram presos: Jean du Bordel, Matthieu
Verneuil, Pierre Bourdon, André Lafon e Jacques le Balleur. Pressionados
por Villegaignon, escreveram uma bela declaração de suas convicções, a
"Confissão de Fé da Guanabara" (1558). Em seguida, os
três primeiros foram mortos e Lafon, o único alfaiate da colônia, teve a
vida poupada. Balleur fugiu para São Vicente, foi preso e levado para
Salvador (1559-67), sendo mais tarde enforcado no Rio de Janeiro, quando
os últimos franceses foram expulsos.
- A França Antártica é
considerada como a primeira tentativa de estabelecer tanto uma igreja
quanto um trabalho missionário protestante na América Latina.
1. Os holandeses no Nordeste (1630-54): depois de uma árdua guerra contra a Espanha, a Holanda
calvinista conquistou a sua independência em 1568 e começou a tornar-se uma das
nações mais prósperas da Europa. Pouco tempo depois, Portugal caiu sob o
controle da Espanha por sessenta anos – a chamada "União Ibérica"
(1580-1640).
- Em 1621, os holandeses
criaram a Companhia das Índias Ocidentais com o objetivo de conquistar
e colonizar territórios da Espanha nas Américas, especialmente uma rica
região açucareira: o nordeste do Brasil. Em 1624, os holandeses tomaram
Salvador, a capital do Brasil, mas foram expulsos no ano seguinte.
Finalmente, em 1630 eles tomaram Recife e Olinda e depois boa parte do
Nordeste.
- O maior líder do Brasil
holandês foi o príncipe João Maurício de Nassau-Siegen, que governou o nordeste de
1637 a 1644. Nassau foi um notável administrador, promoveu a cultura, as
artes e as ciências, e concedeu uma boa medida de liberdade religiosa aos
residentes católicos e judeus.
- Sob os holandeses, a Igreja
Reformada era oficial. Foram criadas vinte e duas igrejas locais e
congregações, dois presbitérios (Pernambuco e Paraíba) e até mesmo um
sínodo, o Sínodo do Brasil (1642-1646). Mais de
cinquenta pastores ou "predicantes" serviram essas comunidades.
- A Igreja Reformada realizou
uma admirável obra missionária junto aos indígenas. Além de pregação,
ensino e beneficência, foi preparado um catecismo na língua nativa. Outros
projetos incluíam a tradução da Bíblia e a futura ordenação de pastores
indígenas.
- Em 1654, após quase dez anos
de luta, os holandeses foram expulsos, transferindo-se para o Caribe. Os
judeus que os acompanhavam foram para Nova Amsterdã, a futura Nova York.
II. Brasil Império
- O século XIX testemunhou a
implantação definitiva do protestantismo no Brasil.
1. Primeiras manifestações:
- Após a expulsão dos
holandeses, o Brasil fechou as suas portas aos protestantes por mais de
150 anos. Foi só no início dos século XIX, com a vinda da família real
portuguesa, que essa situação começou a se alterar. Em 1810, Portugal e
Inglaterra firmaram um Tratado de Comércio e Navegação, cujo artigo XII
concedeu tolerância religiosa aos imigrantes protestantes. Logo, muitos
começaram a chegar, entre eles um bom número de reformados.
- Depois da independência, a
Constituição Imperial (1824) reafirmou esses direitos, com algumas
restrições. Em 1827 foi fundada no Rio de Janeiro a Comunidade Protestante
Alemã-Francesa, que veio a congregar, ao lado de luteranos, reformados
alemães, franceses e suíços.
- Um dos primeiros pastores
presbiterianos a visitar o Brasil foi o Rev. James Cooley Fletcher (1823-1901), que aqui chegou
em 1851. Fletcher foi capelão dos marinheiros que aportavam no Rio de
Janeiro e deu assistência religiosa a imigrantes europeus. Ele manteve
contatos com D. Pedro II e outros membros destacados da sociedade; lutou
em favor da liberdade religiosa, da emancipação dos escravos e da
imigração protestante. Ele escreveu o livro O Brasil e os Brasileiros (1857), que foi muito
apreciado nos Estados Unidos.
- Fletcher não fez nenhum
trabalho missionário junto aos brasileiros, mas contribuiu para que isso
acontecesse. Foi ele quem influenciou o Rev. Robert Reid Kalley e sua esposa Sarah P. Kalley
a virem para o Brasil, o que ocorreu em 1855. Kalley fundou a Igreja Evangélica
Fluminense em 1858. No ano seguinte, chegou ao Rio de Janeiro o fundador
da Igreja Presbiteriana do Brasil, o Rev. Ashbel G. Simonton.
2. Protestantismo de
Imigração:
- "Ao iniciar-se o século
XIX, não havia no Brasil vestígio de protestantismo" (B. Ribeiro, Protestantismo no Brasil
Monárquico,
15).
- Em janeiro de 1808, com a
chegada da família real, o príncipe-regente João decretou a abertura dos portos do Brasil às nações amigas.
Em novembro, novo decreto concedeu amplos privilégios a imigrantes de qualquer
nacionalidade ou religião.
- Em fevereiro de 1810,
Portugal assinou com a Inglaterra tratados de Aliança e Amizade e de Comércio e Navegação. Este, em seu artigo XII,
concedeu aos estrangeiros "perfeita liberdade de consciência"
para praticarem sua fé. Tolerância limitada: proibição de fazer
prosélitos e falar contra a religião oficial; capelas sem forma exterior
de templo e sem uso de sinos.
- O primeiro capelão
anglicano, Robert C. Crane, chegou em 1816. A primeira capela foi inaugurada no Rio de
Janeiro em 26-05-1822; seguiram-se outras nas principais cidades
costeiras. Outros estrangeiros protestantes: americanos, suecos,
dinamarqueses, escoceses, franceses e especialmente alemães e suíços de
tradição luterana e reformada.
- "Quando se proclamou a
Independência, contudo, ainda não havia igreja protestante no país. Não
havia culto protestante em língua portuguesa. E não há notícia de existir,
então, sequer um brasileiro protestante" (B. Ribeiro, ibid., 18).
- Com a independência, houve
grande interesse na vida de imigrantes, inclusive protestantes. Constituição Imperial de 1824, art. 5º: "A
religião católica apostólica romana continuará a ser a religião do
Império. Todas as outras religiões serão permitidas com seu culto
doméstico ou particular, em casas para isso destinadas, sem forma alguma
exterior de templo."
- 1820 – suíços católicos
iniciaram a colônia de Nova Friburgo; logo a área foi abandonada
e oferecida a alemães luteranos que chegaram em maio de 1824: um grupo de
324 imigrantes acompanhados do seu pastor, Friedrich Oswald Sauerbronn (1784-1864).
- A maior parte dos imigrantes
alemães foram para o sul: cerca de 4.800 entre 1824 e 1830 (60%
protestantes). Primeiros
pastores: Johann Georg Ehlers,
Karl Leopold Voges e Friedrich Christian Klingelhöffer.
- Junho 1827: fundação da Comunidade Protestante
Alemã-Francesa do Rio de Janeiro, por iniciativa do cônsul da Prússia Wilhelm
von Theremin. Luteranos e calvinistas. Primeiro pastor: Ludwig Neumann.
Primeiro santuário em 1837 (alugado); o edifício próprio foi inaugurado em
1845.
- Por falta de ministros
ordenados, os primeiros luteranos organizaram sua própria vida religiosa.
Elegeram leigos para serem pastores e professores, os "pregadores-colonos."
Na década de 1850, a Prússia e a Suíça "descobriram" os alemães
do sul do Brasil e começaram a enviar-lhes missionários e ministros. Isso
criou uma igreja mais institucional e européia.
- Em 1868, o Rev. Hermann
Borchard (chegou em 1864) e outros colegas fundaram o Sínodo Evangélico
Alemão da Província do Rio Grande do Sul, que foi extinto em 1875. Em
1886, o Rev. Wilhelm Rotermund (chegou em 1874), organizou o Sínodo Rio-Grandense, que tornou-se modelo para
outras organizações similares. Até o final da Segunda Guerra Mundial as
igrejas luteranas permaneceram culturalmente isoladas da sociedade
brasileira.
- Uma conseqüência importante
da imigração protestante é o fato de que ela ajudou a criar as condições que facilitaram a introdução
do protestantismo missionário no Brasil. Erasmo Braga observou que, à
medida que os imigrantes alemães exigiam garantias legais de liberdade
religiosa, estadistas liberais criaram "a legislação avançada que,
durante o longo reinado de D. Pedro II, protegeu as missões evangélicas da
perseguição aberta e até mesmo colocou as comunidades não-católicas sob a
proteção das autoridades imperiais" (The Republic of Brazil,
49).
- Em 1930, de uma comunidade
protestante de 700 mil pessoas no país, as igrejas imigrantes tinham
aproximadamente 300 mil filiados. A maior parte estava ligada à Igreja Evangélica
Alemã do Brasil (215 mil) e vivia no Rio Grande do Sul.
3. Protestantismo
Missionário:
- As primeiras organizações
protestantes que atuaram junto aos brasileiros foram as sociedades bíblicas: Britânica e Estrangeira
(1804) e Americana (1816). Traduções da Bíblia: protestante – Rev. João
Ferreira de Almeida (1628-1691); católica – Pe. Antonio Pereira de
Figueiredo (1725-1797). Primeiros agentes oficiais: SBA – James C.
Fletcher (1855); SBBE – Richard Corfield (1856). O trabalho dos
colportores.
- A Igreja Metodista Episcopal foi a primeira denominação a
iniciar atividades missionárias junto aos brasileiros (1835-41). Obreiros: Fountain E. Pitts, Justin Spaulding
e Daniel Parish Kidder. Fundaram no Rio de Janeiro a primeira escola
dominical do Brasil. Também atuaram como capelães da Sociedade Americana
dos Amigos dos Marinheiros, fundada em 1828.
- Daniel P. Kidder: figura importante dos
primórdios do protestantismo brasileiro. Viajou por todo o país, vendeu
Bíblias, contactou intelectuais e políticos destacados, como o Pe. Feijó,
regente do império (1835-37). Escreveu Anotações de Residência e
Viagens no Brasil, publicado em 1845, clássico que despertou
grande interesse pelo nosso país.
- James Cooley Fletcher (1823-1901): pastor
presbiteriano, estudou em Princeton e na Europa, casou-se com uma filha de
César Malan, teólogo calvinista de Genebra. Chegou ao Brasil em 1851 como
novo capelão da Sociedade dos Amigos dos Marinheiros e como missionário da
União Cristã Americana e Estrangeira. Atuou como secretário interino da
legação americana no Rio e foi o primeiro agente oficial da Sociedade
Bíblica Americana. Promotor entusiasta do protestantismo e do
"progresso." Escreveu O Brasil e os Brasileiros, publicado em 1857.
- Robert Reid Kalley (1809-1888): nascido na
Escócia, estudou medicina e em 1838 foi trabalhar como missionário na Ilha
da Madeira. Oito anos depois, escapou de violenta perseguição e foi com
seus paroquianos para os Estados Unidos. Fletcher sugeriu que fosse para o
Brasil, onde Kalley e sua esposa Sarah Poulton Kalley (1825-1907) chegaram
em maio de 1855. No mesmo ano, fundaram em Petrópolis a primeira escola
dominical permanente do país (19-08-1855). Em 11 de julho de 1858, Kalley
fundou a Igreja Evangélica, depois Igreja Evangélica Fluminense (1863),
cujo primeiro membro brasileiro foi Pedro Nolasco de Andrade. Kalley teve
importante atuação na defesa da liberdade religiosa. Sua esposa foi autora
do famoso hinário Salmos e Hinos(1861).
- Igreja Presbiteriana: missionários pioneiros –
Ashbel Green Simonton (1859), Alexander L. Blackford (1860), Francis J.C.
Schneider (1861). Primeiras igrejas: Rio de Janeiro (12-01-1862), São
Paulo e Brotas (1865). Imprensa Evangélica (1864), seminário (1867).
Primeiro pastor brasileiro: José Manoel da Conceição (17-12-1865). A
Escola Americana foi criada em 1870 e o Sínodo do Brasil surgiu em 1888.
- Imigrantes americanos: estabeleceram-se no
interior de São Paulo após a Guerra Civil americana (1861-65). Foram
seguidos por missionários presbiterianos, metodistas e batistas. Pioneiros
presbiterianos da Igreja do sul dos Estados Unidos (PCUS): George N.
Morton e Edward Lane (1869). Fundaram o Colégio Internacional (1873).
- Igreja Metodista Episcopal (sul dos EUA): enviou Junius
E. Newman para trabalhar junto aos imigrantes (1876). O primeiro
missionário aos brasileiros foi John James Ransom, que chegou em 1876 e
dois anos depois organizou a primeira igreja no Rio de Janeiro. Martha
Hite Watts iniciou uma escola para moças em Piracicaba (1881). A partir de
1880, a I.M.E. do norte dos EUA enviou obreiros ao norte do Brasil
(William Taylor, Justus H. Nelson) e ao Rio Grande do Sul. A Conferência
Anual Metodista foi organizada em 1886 pelo bispo John C. Granbery, com a
presença de apenas três missionários.
- Igreja Batista: os primeiros missionários,
Thomas Jefferson Bowen e sua esposa (1859-61) não foram bem sucedidos. Em
1871, os imigrantes de Santa Bárbara organizaram duas igrejas. Os
primeiros missionários junto aos brasileiros foram William B. Bagby,
Zachary C. Taylor e suas esposas (chegados em 1881-82). O primeiro membro
e pastor batista brasileiro foi o ex-padre Antonio Teixeira de
Albuquerque, que já estivera ligado aos metodistas. Em 1882 o grupo fundou
a primeira igreja em Salvador, Bahia. A Convenção Batista Brasileira foi
criada em 1907.
- Igreja Protestante Episcopal: última das denominações
históricas a iniciar trabalho missionário no Brasil. Um importante e
controvertido precursor havia sido Richard Holden (1828-1886), que durante
três anos (1861-64) atuou com poucos resultados no Pará e na Bahia. O
trabalho permanente teve início em 1890 com James Watson Morris e Lucien
Lee Kinsolving. Inspirados pela obra de Simonton e por um folheto sobre o
Brasil, fixaram-se em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, estado até então
pouco ocupado por outras missões. Em 1899, Kinsolving tornou-se o primeiro
bispo residente da Igreja Episcopal do Brasil.
4. Igrejas Pentecostais
e Neo-Pentecostais:
- As três ondas do pentecostalismo
brasileiro: (a) Décadas 1910-1940: chegada simultânea da Congregação
Cristã no Brasil e da Assembléia de Deus, que dominam o campo por 40 anos;
(b) Décadas 1950-1960: campo pentecostal se fragmenta, surgem novos grupos
– Evangelho Quadrangular, Brasil Para Cristo, Deus é Amor e muitos outros
(contexto paulista); (c) Anos 70 e 80: neopentecostalismo – Igreja
Universal do Reino de Deus, Igreja Internacional da Graça de Deus e outras
(contexto carioca).
1. Congregação Cristã no
Brasil: fundada pelo italiano Luigi Francescon (1866-1964). Radicado em
Chicago, foi membro da Igreja Presbiteriana Italiana e aderiu ao
pentecostalismo em 1907. Em 1910 (março-setembro) visitou o Brasil e iniciou as
primeiras igrejas em Santo Antonio da Platina (PR) e São Paulo, entre
imigrantes italianos. Veio 11 vezes ao Brasil até 1948. Em 1940, o movimento
tinha 305 "casas de oração" e dez anos mais tarde 815.
1. Assembléia de Deus:
fundadores: suecos
Daniel Berg (1885-1963) e Gunnar Vingren (1879-1933). Batistas de origem,
abraçaram o pentecostalismo em 1909. Conheceram-se numa conferência pentecostal
em Chicago. Assim como Luigi Francescon, Berg foi influenciado pelo pastor
batista W.H. Durham, que participou do avivamento de Los Angeles (1906).
Sentindo-se chamados para trabalhar no Brasil, chegaram a Belém em novembro de
1910. Seus primeiros adeptos foram membros de uma igreja batista com a qual
colaboraram.
1. Igreja do Evangelho
Quadrangular: fundada nos Estados Unidos pela evangelista Aimee Semple McPherson
(1890-1944). O missionário Harold Williams fundou a primeira IEQ do Brasil em
novembro de 1951 (São João da Boa Vista). Em 1953 teve início a Cruzada
Nacional de Evangelização, sendo Raymond Boatright o principal evangelista. A
igreja enfatiza quatro aspectos do ministério de Cristo: aquele que salva,
batiza com o Espírito Santo, cura e virá outra vez. As mulheres podem exercer o
ministério pastoral.
1. Igreja Evangélica
Pentecostal O Brasil Para Cristo: fundada por Manoel de Mello, um
evangelista da Assembléia de Deus que depois tornou-se pastor da IEQ.
Separou-se da Cruzada Nacional de Evangelização em 1956, organizando a campanha
"O Brasil para Cristo," da qual surgiu a igreja. Filiou-se ao CMI em
1969 (desligou-se em 1986). Em 1979 inaugurou seu grande templo em São Paulo,
sendo orador oficial Philip Potter, secretário-geral do CMI. Esteve presente o
cardeal arcebispo de São Paulo, Paulo Evaristo Arns. Manoel de Mello morreu em
1990.
1. Igreja Deus é Amor:
fundada por David
Miranda (nascido em 1936), filho de um agricultor do Paraná. Vindo para São
Paulo, converteu-se numa pequena igreja pentecostal e em 1962 fundou sua igreja
em Vila Maria. Logo transferiu-se para o centro da cidade (Praça João Mendes).
Em 1979, foi adquirida a "sede mundial" na Baixada do Glicério, o
maior templo evangélico do Brasil (dez mil pessoas). Em 1991 a igreja afirmava
ter 5.458 templos, 15.755 obreiros e 581 horas diárias em rádios, bem como
estar presente em 17 países (principalmente Paraguai, Uruguai e Argentina).
1. Igreja Universal do
Reino de Deus:
fundada por Edir Macedo (nascido em 1944), filho de um comerciante
fluminense. Trabalhou por 16 anos na Loteria do Estado (subiu de contínuo para
um posto administrativo). De origem católica, ingressou na Igreja de Nova Vida
na adolescência. Deixou essa igreja para fundar a sua própria, inicialmente
denominada Igreja da Bênção. Em 1977 deixou o emprego público para dedicar-se
ao trabalho religioso. Nesse mesmo ano surgiu o nome IURD e o primeiro programa
de rádio. Macedo viveu nos EUA de 1986 a 1989, quando voltou ao Brasil,
transferiu a sede da igreja para São Paulo e adquiriu a Rede Record. Em 1990 a
IURD elegeu três deputados federais. Macedo esteve preso por doze dias em 1992,
sob a acusação de estelionato, charlatanismo e curandeirismo.
III. História da Igreja
Presbiteriana do Brasil
Atualmente, existem no Brasil várias denominações de origem reformada ou
calvinista. Entre elas incluem-se a Igreja Presbiteriana Independente, a Igreja
Presbiteriana Conservadora e algumas igrejas criadas por imigrantes vindos da
Europa continental, como suíços, holandeses e húngaros. Todavia, a maior e mais
antiga denominação reformada do país é a Igreja Presbiteriana do Brasil. Sua
história divide-se em alguns períodos bem definidos.
1. Implantação (1859-1869):
O surgimento do presbiterianismo no Brasil resultou do pioneirismo e
desprendimento do Rev. Ashbel Green Simonton (1833-1867). Nascido em West Hanover, na Pensilvânia, Simonton estudou
no Colégio de Nova Jersey e inicialmente pensou em ser professor ou advogado.
Alcançado por um reavivamento em 1855, fez sua profissão de fé e pouco depois
ingressou no Seminário de Princeton. Um sermão pregado por seu professor, o
famoso teólogo Charles Hodge, levou-o a considerar o trabalho missionário no
estrangeiro. Três anos depois, candidatou-se perante a Junta de Missões da
Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos, citando o Brasil como campo de sua
preferência. Dois meses após a sua ordenação, embarcou para o Brasil, chegando
ao Rio de Janeiro em 12 de agosto de 1859, aos 26 anos de idade.
Em abril de 1860, Simonton dirigiu o seu primeiro culto em português; em
janeiro de 1862, recebeu os primeiros membros, sendo fundada a Igreja Presbiteriana do Rio de Janeiro. No breve período em que viveu no
Brasil, Simonton, auxiliado por alguns colegas, fundou o primeiro jornal
evangélico do país (Imprensa Evangélica, 1864), criou o primeiro
presbitério (1865) e organizou um seminário (1867). O Rev. Simonton morreu
vitimado pela febre amarela aos 34 anos, em 1867 (sua esposa, Helen Murdoch,
havia falecido três anos antes).
Os principais colaboradores de Simonton nesse período foram: seu cunhado
Alexander L. Blackford, que em 1865 organizou as igrejas de São Paulo e Brotas; Francis J. C. Schneider, que
trabalhou entre os imigrantes alemães em Rio Claro, lecionou no seminário do
Rio e foi missionário na Bahia; George W. Chamberlain, grande evangelista e
operoso pastor da Igreja de São Paulo. Os quatro únicos estudantes do
"seminário primitivo" foram também grandes obreiros: Antonio B.
Trajano, Miguel G. Torres, Modesto P. B. Carvalhosa e Antonio Pedro de
Cerqueira Leite.
Outras poucas igrejas organizadas no primeiro decênio foram as de Lorena, Borda da Mata (Pouso Alegre) e Sorocaba. O homem que mais
contribuiu para a criação dessas e outras igrejas foi o notável Rev. José Manoel da Conceição (1822-1873), um
ex-sacerdote que tornou-se o primeiro brasileiro a ser ordenado ministro do
evangelho (1865). Visitou incansavelmente dezenas de vilas e cidades no
interior de São Paulo, Vale do Paraíba e sul de Minas, pregando o evangelho da
graça.
2. Consolidação (1869-1888):
Simonton e seus companheiros eram todos da igreja presbiteriana do norte
dos Estados Unidos (PCUSA). Em 1869 chegaram os primeiros missionários da
igreja do sul (PCUS): George N. Morton e Edward Lane. Eles fixaram-se em
Campinas, região onde havia muitas famílias norte-americanas que vieram para o
Brasil após a Guerra Civil no seu país (1861-65). Em 1870, Morton e Lane
fundaram a igreja de Campinas e em 1873 o famoso, porém efêmero, Colégio
Internacional. Os missionários da PCUS evangelizaram a região da Mogiana, o
oeste de Minas, o Triângulo Mineiro e o sul de Goiás. O pioneiro em várias
dessas regiões foi o incansável Rev. John Boyle.
Os obreiros da PCUS também foram os pioneiros presbiterianos no nordeste
e norte do Brasil (de Alagoas até a Amazônia). Os principais foram John Rockwell Smith, fundador da igreja do Recife (1878); DeLacey Wardlaw, pioneiro em Fortaleza; e o Dr. George W. Butler, o "médico amado" de Pernambuco. O mais
conhecido dentre os primeiros pastores brasileiros do nordeste foi o Rev.
Belmiro de Araújo César, patriarca de uma grande família presbiteriana.
Enquanto isso, os missionários da igreja do norte dos Estados Unidos
também continuavam o seu trabalho, auxiliados por novos colegas. Seus
principais campos eram Bahia e Sergipe, onde atuou, além de Schneider e
Blackford, o Rev. John Benjamin Kolb; Rio de Janeiro, que inaugurou seu templo
em 1874, e Nova Friburgo, onde trabalhou o Rev. John M. Kyle; Paraná, cujos
pioneiros foram Robert Lenington e George A. Landes; e especialmente São Paulo.
Na capital paulista, o casal Chamberlain fundou em 1870 a Escola Americana, que mais tarde veio a ser o Mackenzie College,
dirigido pelo educador Horace Manley Lane. No interior da província destacou-se
o Rev. João Fernandes Dagama, português da Ilha da Madeira. No Rio Grande do
Sul, trabalhou por algum tempo o Rev. Emanuel Vanorden, um judeu holandês.
Entre os novos pastores "nacionais" desse período estavam
Eduardo Carlos Pereira, José Zacarias de Miranda, Manuel Antônio de Menezes,
Delfino dos Anjos Teixeira, João Ribeiro de Carvalho Braga e Caetano Nogueira
Júnior. As duas igrejas norte-americanas também enviaram notáveis missionárias educadoras: Mary P. Dascomb, Elmira Kuhl, Nannie
Henderson e Charlotte Kemper.
3. Dissensão (1888-1903):
Em setembro de 1888 foi organizado o Sínodo da Igreja
Presbiteriana do Brasil, que assim tornou-se autônoma, desligando-se das
igrejas-mães norte-americanas. O Sínodo compunha-se de três presbitérios (Rio
de Janeiro, Campinas-Oeste de Minas e Pernambuco) e tinha vinte missionários,
doze pastores nacionais e 59 igrejas. O primeiro moderador foi o veterano Rev.
Blackford. O Sínodo criou o Seminário Presbiteriano, elegeu seus dois primeiros
professores e dividiu o Presbitério de Campinas e Oeste de Minas em dois: São
Paulo e Minas.
Nesse período a denominação expandiu-se grandemente, com muitos novos
missionários, pastores brasileiros e igrejas locais. O Seminário começou a funcionar em Nova Friburgo no
final de 1892 e no início de 1895 transferiu-se para São Paulo, tendo à frente
o Rev. John Rockwell Smith. O Mackenzie College ou Colégio Protestante foi criado em 1891, sendo seu primeiro presidente
o Dr. Horace M. Lane. Por causa da febre amarela, o Colégio Internacional foi
transferido de Campinas para Lavras, e mais tarde veio a chamar-se Instituto Gammon, numa homenagem ao seu grande líder, o Rev. Samuel
R. Gammon (1865-1928).
A primeira escola evangélica do nordeste foi o Colégio Americano de
Natal (1895), fundado por Katherine H. Porter, esposa do Rev. William C.
Porter. Na mesma época, a cidade de Garanhuns começou a tornar-se um grande centro da obra presbiteriana. Além do
trabalho evangelístico, foram lançadas as bases de duas importantes
instituições educacionais: o Colégio Quinze de Novembro e o Seminário do Norte,
hoje sediado em Recife. No final desse período, além de estar presente em todos
os estados do nordeste, a Igreja Presbiteriana chegou ao Pará e ao Amazonas.
No sul, foi iniciada a obra presbiteriana em Santa Catarina (São
Francisco do Sul e Florianópolis). A igreja também iniciou a sua marcha
vitoriosa no leste de Minas. O primeiro obreiro
a residir em Alto Jequitibá foi o Rev. Matatias Gomes dos Santos (1901). As
igrejas de São Paulo e do Rio de Janeiro passaram a ser pastoreadas por dois
grandes líderes, respectivamente Eduardo Carlos
Pereira (1888) e Álvaro Emídio G. dos Reis (1897).
Infelizmente, os progressos desse período foram em parte ofuscados por
uma grave crise que se abateu sobre a vida da igreja. Inicialmente, surgiu uma diferença
de prioridades entre o Sínodo e a Junta de Missões de Nova York. O Sínodo
queria apoio para a obra evangelística e para instalar o Seminário, ao passo
que a Junta preferiu dar ênfase à obra educacional, principalmente através do
Mackenzie. Paralelamente, surgiram desentendimentos entre o pastor da Igreja
Presbiteriana de São Paulo, Rev. Eduardo Carlos Pereira, e os líderes do
Mackenzie, Horace M. Lane e William A. Waddell.
Com o passar do tempo, o Rev. Eduardo C. Pereira passou a tornar-se mais
radical em suas posições, perdendo o apoio até mesmo de muitos dos seus colegas
brasileiros. Como uma alternativa ao jornal de Eduardo, O Estandarte, o Rev. Álvaro Reis criou O Puritano em 1899. Em 1900 foi criada a Igreja Presbiteriana
Unida, que resultou da fusão de duas igrejas formadas por pessoas que haviam
saído da igreja do Rev. Eduardo. Na mesma época, um novo problema veio
complicar ainda mais a situação: o debate acerca da maçonaria.
Em março de 1902, Eduardo C. Pereira e seus partidários começaram a
divulgar a sua Plataforma, com cinco tópicos sobre as questões missionária,
educativa e maçônica. Após pouco mais de um ano de debates acalorados, a crise
chegou ao seu triste desfecho em 31 de julho de 1903, durante a reunião
do Sínodo. Após serem derrotados em suas propostas, Eduardo e seus colegas
desligaram-se do Sínodo e formaram a Igreja Presbiteriana Independente.
4. Reconstituição (1903-1917):
No início de agosto de 1903, os independentes organizaram o seu presbitério, com quinze presbíteros e sete pastores
(Eduardo C. Pereira, Caetano Nogueira Jr., Bento Ferraz, Ernesto Luiz de
Oliveira, Otoniel Mota, Alfredo Borges Teixeira e Vicente Temudo Lessa).
Seguiu-se um triste período de divisões de comunidades, luta pela posse de
propriedades, litígios judiciais. Uma pastoral do Presbitério Independente
chegou a vedar aos sinodais a Ceia do Senhor. O período mais conflitivo
estendeu-se até 1906. Nessa época, o Sínodo contava com 77 igrejas e cerca de
6500 membros; em 1907, os independentes tinham 56 igrejas e 4200 comungantes.
O prédio do seminário, no Higienópolis,
foi ocupado sem solenidade em setembro de 1899. Os principais professores eram
os Revs. John R. Smith e Erasmo Braga (este a partir de 1901); o principal
membro da diretoria era o Rev. Álvaro Reis. Em fevereiro de 1907, o seminário
foi transferido para Campinas, ocupando a antiga propriedade do Colégio
Internacional. A primeira turma de Campinas só se formou em 1912. Entre os
formandos estavam Tancredo Costa, Herculano de Gouvêa Jr., Miguel Rizzo Jr. e
Paschoal Luiz Pitta. Mais tarde viriam Guilherme Kerr, Jorge T. Goulart,
Galdino Moreira e José Carlos Nogueira.
A obra presbiteriana crescia em muitos lugares. A primeira cidade atingida no Leste de Minas
foi Alto Jequitibá (Manhuaçu) e no Espírito Santo, São José do Calçado. Os
primeiros pastores daqueles campos foram Matatias Gomes dos Santos, Aníbal
Nora, Constâncio Omero Omegna e Samuel Barbosa. No Vale do Ribeira, o
evangelista Willes R. Banks continuava em atividade; a família Vassão daria
grandes contribuições à igreja.
Em 1907, o Sínodo dividiu-se em dois (Norte e Sul) e em 1910 foi
organizada a Assembléia Geral da Igreja Presbiteriana do Brasil. O moderador do último sínodo e
instalador da Assembléia Geral foi o veterano Modesto Carvalhosa, ordenado 40
anos antes. A Assembléia Geral foi instalada na Igreja do Rio e o Rev. Álvaro
Reis foi eleito seu primeiro moderador. Os conciliares visitaram a Ilha de
Villegaignon para lembrar os mártires calvinistas e comemorar o 4º centenário
do nascimento de Calvino. Na época, a Igreja Presbiteriana do Brasil tinha 10
mil membros comungantes, outro tanto de menores e cerca de 150 igrejas em sete
presbitérios. As demais denominações tinham os seguintes números: metodistas –
6 mil membros; independentes – 5 mil; batistas – 5 mil; episcopais – cerca de
mil. Em 1911, a IPB enviou o seu primeiro missionário a Portugal, Rev. João da
Mota Sobrinho, que lá ficou até 1922.
Os missionários americanos continuam em plena atividade. A Missão Sul da PCUS dividiu-se em Missão
Leste (Lavras) e Missão Oeste (Campinas) devido a divergências quanto ao lugar
da educação na obra missionária. O Rev. William Waddell fundou uma influente
escola em Ponte Nova, Bahia. Pierce Chamberlain trabalhou na Bahia de 1899 a
1909. A obra presbiteriana no Mato Grosso começou nesse período: os pioneiros
foram os missionários Franklin Graham (1913) e Philippe Landes (1915).
Em 1917, foi aprovado o Modus Operandi, um acordo entre a
igreja e as missões norte-americanas pelo qual os missionários desligaram-se
dos concílios da IPB, separando-se os campos nacionais (presbitérios) dos
campos das missões. Em 1924, pela primeira reuniu-se a Assembléia Geral sem
nenhum missionário como delegado de presbitério.
5. Cooperação (1917-1932):
O maior líder presbiteriano desse período foi o Rev. Erasmo Braga (1877-1932), professor do seminário e
secretário da Assembléia Geral. Em 1916, participou com dois colegas do
Congresso de Ação Cristã na América Latina, no Panamá. Poucos anos depois,
tornou-se o dinâmico secretário da Comissão Brasileira de Cooperação, entidade
que liderou um grande esforço cooperativo entre as igrejas evangélicas do
Brasil na década de 1920. As principais áreas de cooperação foram literatura,
educação cristã e educação teológica. Foi fundado o Seminário Unido no Rio de
Janeiro, que existiu até 1932.
Outros esforços cooperativos desse período foram: (1) Instituto José Manoel da Conceição, fundado pelo Rev. William A. Waddell
na cidade de Jandira, perto de São Paulo (1928); visava preparar os jovens que
depois seguiriam para o seminário. (2) Associação Evangélica de Catequese dos
Índios (1928), depoisMissão Evangélica Caiuá: idealizada pelo Rev.
Albert S. Maxwell e instalada em Dourados, Mato Grosso; esforço cooperativo das
igrejas presbiteriana, independente, metodista e episcopal.
O Seminário de Campinas correu o risco de ser extinto por causa do Seminário Unido,
mas finalmente superou a crise. Em 1921, o Seminário do Norte foi transferido
para o Recife. As principais instituições educacionais das missões eram o Colégio Agnes Erskine, em Recife; Colégio 15 de
Novembro (Garanhuns); Escola de Ponte Nova (Bahia); Colégio 2 de Julho
(Salvador); Instituto Gammon (Lavras); Instituto Cristão (Castro) e
principalmente o Mackenzie. Os principais periódicos presbiterianos eram O Puritano e o Norte Evangélico.
Em 1924, a Assembléia Geral encerrou o trabalho missionário em Lisboa.
No mesmo ano, Erasmo Braga e alguns amigos fundaram a Sociedade Missionária
Brasileira de Evangelização em Portugal, que enviou para aquele país o Rev. Paschoal L. Pitta e sua esposa Odete. O
casal ali esteve por quinze anos (1925-1940), regressando ao Brasil devido à
constante falta de recursos.
Em 1921, morreu o Rev. Antonio Bandeira Trajano. Com ele desapareceu a
primeira geração de obreiros presbiterianos no Brasil, os da década de 1860.
Outros obreiros falecidos nesse período foram: Eduardo Carlos Pereira (1923), Álvaro Reis (1925),
Carlota Kemper (1927), Samuel Gammon (1928) e Erasmo Braga (1932).
6. Organização (1932-1959):
Neste período a IPB continuou a crescer e a aperfeiçoar a sua estrutura,
criando entidades voltadas para o trabalho feminino, mocidade, missões
nacionais e estrangeiras, literatura e ação social. O período terminou com a
comemoração do centenário do presbiterianismo no Brasil.
A igreja era constituída dos seguintes sínodos: (1) Setentrional: estendia-se de
Alagoas até a Amazônia, estando o maior número de igrejas no Estado de
Pernambuco; (2) Bahia-Sergipe: criado em 1950,
quando o Presbitério Bahia-Sergipe, antigo campo da Missão Central, dividiu-se
nos presbitérios de Salvador, Campo Formoso e Itabuna; (3) Minas-Espírito Santo: surgiu em 1946, abrangendo o leste de Minas e o
Espírito Santo, a região de maior crescimento da igreja; (4) Central: formado em 1928, incluía o Estado do Rio de Janeiro, bem como o sul e
o oeste de Minas Gerais; (5) Meridional: sínodo histórico
(1910-47), abrangia São Paulo, Paraná e Santa Catarina; (6) Oeste do Brasil: foi formado em 1947, abrangendo todo o norte e
oeste de São Paulo. No final da década de 50, foram entregues pelas missões os
Presbitérios do Triângulo Mineiro, Goiás e Cuiabá.
Nesse período, as missões norte-americanas continuaram o seu trabalho: (1) PCUS: (a) Missão Norte: atuou no nordeste, onde o principal obreiro foi o Rev. William Calvin
Porter (†1939); o campo mais importante era o de Garanhuns, onde estavam o
Colégio 15 de Novembro e o jornal Norte Evangélico; (b)Missão Leste:
atuou no oeste de Minas e depois em Dourados, Mato Grosso, cuja igreja foi
organizada em 1951. (c) Missão Oeste: concentrou-se mais
no Triângulo Mineiro, onde o casal Edward e Mary Lane fundou em 1933 o
Instituto Bíblico de Patrocínio. (2) PCUSA: (a) Missão Central: seus principais campos eram Ponte Nova/Itacira, a bacia do Rio São
Francisco, o sul da Bahia e o norte de Minas.; (b) Missão Sul: atuou no Paraná e Santa Catariana, fundindo-se com a Missão Central
por volta de 1937. O Rev. Filipe Landes foi grande evangelista no Mato Grosso
(norte e sul). Em Rio Verde, Goiás, atuou o Rev. Dr. Donald Gordon.
Trabalho feminino: as primeiras sociedades de senhoras surgiram em
1884-85 e as primeiras federações, na década de 1920. Os primeiros secretários
gerais do trabalho feminino foram o Rev. Jorge T. Goulart e as sras. Genoveva
Marchant, Blanche Lício, Cecília Siqueira e Nady Werner. O primeiro congresso
nacional reuniu-se na I. P. Riachuelo, no Rio, em 1941; o segundo congresso
realizou-se também no Rio em 1954. A SAF em Revista foi criada em 1954.
Mocidade: algumas entidades precursoras foram a Associação Cristã de Moços (Myron
Clark), o Esforço Cristão (Clara Hough) e a União Cristã de Estudantes de
Brasil (Eduardo P. Magalhães). Benjamim Moraes Filho foi o primeiro secretário
do trabalho da mocidade (1938). O primeiro congresso nacional reuniu-se em
Jacarepaguá em 1946, quando foi criada a confederação. Entre os líderes da
época estavam Francisco Alves, Jorge César Mota, Paulo César, Waldo César,
Tércio Emerique, Gutemberg de Campos, Paulo Rizzo e Billy Gammon.
Missões Nacionais: em 1940 foi organizada na I. P. Unida a Junta Mista
de Missões Nacionais, com representantes da IPB e das missões norte-americanas.
Entre os primeiros líderes estavam Coriolano de Assunção, Guilherme Kerr,
Filipe Landes, Eduardo Lane, José Carlos Nogueira e Wilson N. Lício. Até 1958,
a Junta ocupou quinze regiões em todo o Brasil, com cerca de 150 locais de
pregação. Em 1950 foi criada a Missão Presbiteriana da Amazônia.
Missão em Portugal: os primeiros obreiros foram João da Mota Sobrinho
(1911-1922) e Paschoal Luiz Pitta (1925-1940). Em 1944 a IPB assumiu o trabalho
e foi criada a Junta de Missões Estrangeiras, com o apoio das igrejas
norte-americanas. Os primeiros missionários foram Natanael Emerique, Aureliano
Lino Pires, Natanael Beuttenmuller e Teófilo Carnier.
Outras organizações: (a) Casa Editora: começou a ser organizada em 1945, no início da Campanha do Centenário,
sob a liderança do Rev. Boanerges Ribeiro. A primeira sede foi instalada em
dependências cedidas pela I. P. Unida, na Rua Helvetia. (b) Orfanatos: em 1910, a
Assembléia Geral planejou um orfanato para Lavras; em 1919, passou a funcionar
em Valença, e em 1929 veio a ocupar uma propriedade da I. P. de Copacabana em
Jacarepaguá. O orfanato foi denominado Instituto Álvaro Reis. (c) Conselho Interpresbiteriano (CIP): foi criado em
1955 para superintender as relações da IPB com as missões e as juntas
missionárias dos Estados Unidos. Tinha mais autoridade que o "modus
operandi" de 1917.
Outras igrejas: (a) Igreja Presbiteriana Independente: em 1957, foi criado o Supremo
Concílio, com três sínodos, dez presbitérios, 189 igrejas, 105 pastores e cerca
de 30 mil membros comungantes; O Estandarte continuava a ser o jornal oficial. No final dos anos 30 houve um
conflito teológico. Em 1942, um grupo de intelectuais liberais (entre os quais
o Rev. Eduardo P. Magalhães) retirou-se da IPI e formou a Igreja Cristã de São
Paulo. (b) Igreja Presbiteriana Conservadora: foi fundada em 1940
pelos membros da Liga Conservadora da IPI. Em 1957, contava com mais de vinte
igrejas em quatro estados e tinha um seminário. Seu órgão oficial é O Presbiteriano Conservador. (c) Igreja Presbiteriana Fundamentalista: foi fundada em 1956 pelo Rev. Israel
Gueiros, pastor da 1ª I. P. de Recife e ligado ao Concílio Internacional de
Igrejas Cristãs (do fundamentalista americano Carl McIntire).
Neste período, a IPB participou de vários movimentos cooperativos: Associação Evangélica Beneficente
(fundada por Otoniel Mota em 1928), Associação Cristã de Beneficência Ebenézer
(dirigida pelo Dr. Benjamin Hunnicutt), Missão Evangélica Caiuá, Instituto José
Manoel da Conceição, Confederação Evangélica do Brasil (fundada em 1934), Sociedade
Bíblica do Brasil, Centro Áudio-Visual Evangélico (CAVE, fundado em 1951) e
Universidade Mackenzie, transferida à IPB no início dos anos 60.
Constituição da IPB: em 1924, foram aprovadas pequenas modificações no
antigo Livro de Ordem adotado quando da criação do Sínodo, em 1888. Em 1937, entrou em vigor a
nova Constituição da Igreja (os independentes haviam aprovado a sua três anos antes),
sendo criado o Supremo Concílio. Houve protestos do norte contra alguns pontos:
diaconato para ambos os sexos, "confirmação" em vez de
"profissão de fé" e o nome "Igreja Cristã Presbiteriana."
Em 1950, foi promulgada um nova Constituição e no ano seguinte o Código de Disciplina e os Princípios de Liturgia.
Estatística: em 1957, a IPB contava com seis sínodos, 41 presbitérios, 489 igrejas,
883 congregações, 369 ministros, 127 candidatos ao ministério, 89.741 membros
comungantes e 71.650 não-comungantes. Os primeiros presidentes do Supremo
Concílio foram os Revs. Guilherme Kerr, José Carlos Nogueira, Natanael Cortez,
Benjamim Moraes Filho e José Borges dos Santos Júnior.
A Campanha do Centenário: foi lançada em 1946, tendo como
objetivos: avivamento espiritual, expansão numérica, consolidação das
instituições da igreja, afirmação da fé reformada e homenagem aos pioneiros. A
Comissão Central do Centenário, organizada em 1948, enfrentou muitas
dificuldades. Após 1950, a campanha ganhou ímpeto. A Comissão Unida do
Centenário (IPB, IPI e I. Reformada Húngara) planejou uma grande campanha
evangelística (Edwyn Orr e William Dunlap) que se estendeu por todo o país em
1952. Outras medidas: criação do Museu Presbiteriano, Seminário do Centenário e
jornal Brasil Presbiteriano, resultante da fusão
de O Puritano e Norte Evangélico (1958). A 18ª Assembléia da Aliança Presbiteriana Mundial reuniu-se em
São Paulo de 27-07 a 06-08 de 1959. O lema do centenário foi: "Um ano de
gratidão por um século de bênçãos.
Fonte:
http://www.thirdmill.org/files/portuguese/58714~11_1_01_10-18-11_AM~O_Protestantismo_no_Brasil.html