Abdução
O casal era muito conhecido no bairro.
Quem não conhecia o
senhor Jacó e Dona Maristela?
Ela uma excelente professora do grupo escolar Dr. Homero
Machado Coelho, por isso era respeitada e admirada pelos quatrocentos
habitantes do bairro de Roça grande.
Na comunidade católica era requisitada para “puxar “as
novenas e terço do mês de Maria (mês de maio, onde se realiza até hoje a
coroação da Virgem Santíssima”). Mulher de traços finos e aos quarenta anos de
idade tinha o corpo e rosto de uma garota de vinte e cinco anos, seus olhos
verdes acinzentados refletiam uma alma límpida e imaculada de uma cidadã digna de exemplo a ser seguida. Teu
marido Jacó não ficava para trás, religioso, trabalhador era um homem admirado pelas mulheres por seu
traço viril e invejado pelos homens por ser funcionário da RFFSA (Rede
Ferroviária Federal Sociedade Anônima) e ter casado com a bela e prendada
Maristela.
Era comum ver o casal sair da missa das onze horas da
igrejinha de santo Antonio caminhar pela via férrea até o sitio que moravam e la
forrar o gramado do jardim e ali mesmo se servirem do almoço ao ar livre.
O sitio que Jacó e Maristela possuíam ficava no caminho
entre Roça grande e General carneiro possuía uma grande extensão de terra
margeando o rio das velhas, todo plantado de laranjeiras, tamareiras, videiras
e mangueiras além de alguns pés de jabuticabas, era ali que montaram o seu
pequeno mundo, um paraíso para aquele casal encantador.
À noite o céu se vestia de manto azul cravejado de estrela e
tendo a cor áurea da lua como apêndice valioso da natureza transformava esse
cantinho num misto de sonho e felicidade perene convidando a todos os vitiantes
a se reunir ao redor de uma fogueira e admirar esse espetáculo por Deus
proporcionado.
Foi numa noite como esta que Jacó e Maristela conversavam
com amigos na varanda de sua casa que algo de anormal aconteceu:
Maristela admirando o céu estrelado notou que duas estrelas
se deslocavam rapidamente de um ponto ao outro da abóbada celeste, isto ela
comentou com seus pares que desviaram sua atenção para o fato alocado e
surpreendentemente notaram que as luzes cresciam espantosamente e se aproximava
de onde que estavam.
Jacó e seus amigos se sentiram impotente em reagir. Aquilo
sobrepunha a tudo o que imaginara, nem mesmo a coleção de ficção cientifica de
Julio Verne poderia explicar o que estava acontecendo. Agora a menos de trinta
metros de altura havia dois objetos redondos emitindo uma cor âmbar de dimensão
enorme pairando sobre suas cabeças.
Não sentiam medo, sentiam apenas um misto de espanto e
curiosidade ante essa visão.
De dentro desse objeto uma luz de cor azulada saiu e
projetou a menos de cinco metros da varanda da casa um ser de dois metros de
altura olhos oblíquos, boca pequena, tez clara trajando um macacão bem o lado a
corpo de cor metálica, dando ao ser, um aspecto angelical.
Paralisados, viram com certo medo o estranho ser se
aproximar e estender a mão num gesto amistoso. As palavras do estranho
explodiam em suas cabeças, mas a boca dele não se mexia.
Jacó num gesto de coragem e se sentindo líder dos espantado
balbuciou:
-Quem é você?
Não obteve resposta, parecia que o ser os observava, e isto
é um fato.
O mesmo acontecia do lado dos visitados, com a diferença que
o medo invadia o âmago deste.
Sem dizer palavras, esse estranho personagem se virou e
caminhou em direção á luz que Jacó definiu como uma estranha nave.
Uma porta se abriu e o estranho personagem foi engolido pela
luz que alçou um raso vôo pairando em cima do grupo de amigos.
É o que lembra Jacó e Maristela,de seus vizinhos não se tem
noticia e não se sabe por que só eles ficaram. Seria um aviso ? A certeza que
não foi um sonho ou pesadelo foi uma cicatriz que apareceu nas panturrilhas
esquerda de suas pernas e o sonhos esporádicos de estar numa terra desconhecida.
Comentou se na comunidade o desaparecimento dos sitiantes,
vizinhos do casal,busca infrutíferas foram feita e nada.O caso ficou pendente
por uns cinco anos até que foi arquivado pela policia local como caso insolúvel
.
Maristela continuava linda, mas sua perspicácia mental
aumentou sendo considerada uma mulher sábia e de visão.
Jacó não se sentia bem no seu trabalho e pediu demissão do trabalho e se
dedicou a arte de pintar e seus quadros ganharam projeção nacional, pois eram pinturas
surrealistas, mostrando um cenário futurístico fascinante.
Viveram assim até maio de mil novecentos e quarenta, quando
em mais uma novena em louvor a Nossa senhora da Conceição , Maristela e Jacó
pediram a palavra e estranhamente, agradeceram a comunidade por lhe tratarem
com carinho e respeito, mas eles teriam que se mudar, para um lugar bem
distante e que certamente não poderia tão cedo voltar.
Esclareceram que essa mudança de ares seria benéfica para ambos
e que certamente a comunidade teria muito a ganhar com essa sua nova postura.
A simplicidade do povo ouvinte não poderia dimensionar a
importância dessas palavras, todos foram até o casal se despedirem desejando
lhes sorte e prosperidade onde quer que eles fossem.
Assim o casal partiu para sua residência, se preparar para
tão comentada viagem.
Caminharam pela linha férrea como de costume nem bem tinham
percorrido duzentos metros da igrejinha de santo Antonio, uma luz os envolveu e
poucas pessoas viram quando Jacó e Maristela foram dragados pela luz e
desapareceram.
No dia seguinte muitos amigos acorreram para a casa do
casal, não os encontraram. Não levaram
nada, a casa estava limpa e bem cuidada, nada fora levado, o ar de paz,
predominava naquele lar, havia até uma chaleira no fogão como a esperar que a
dona da casa viesse usá-la. Tudo em ordem,só faltava o casal , que nunca mais
apareceu.
Passaram se os anos, os familiares do casal registraram um
boletim de ocorrência, a policia entrou no caso, houve repercussão nacional,
mas pouca gente prestou atenção, pois o assunto latente era a declaração de
guerra feita pela a Alemanha à Inglaterra.
O casal tão carismático da Roça Grande evaporou no ar,
ninguém nunca mais teve noticias.
1998 - Sábado dia vinte um de março,
O velho Jonas, morador bem antigo do bairro, caminhava
manquitolando pela via férrea em direção ao bairro de General Carneiro, ao
passar pelo sitio nota que um casal estava na propriedade, curioso se aproxima
e entabula um dialogo amistoso com a dupla.
- Boa tarde!Saúda o septuagenário
Como vai?- responde a mulher
Estão interessados em comprar esse sitio?- indagou
Não! Estamos somente matando a saudade.
Por quê? Você são herdeiros dos donos desse lugar?
- Na verdade isso já foi nosso. Suspirou a linda mulher.
Mas isso é uma longa historia. O senhor não entenderá.
Bem temos que ir... vamos amor?
Dizendo essa palavras, tirou um aparelho metálico do bolso,
acionou e uma luz ofuscante os envolveu desaparecendo em seguida.
Jonas estava assustado, esqueceu que mancava e empreendeu
uma desabalada carreira até o centro da Roça onde contou o que ocorrera.
Ninguém acreditou, acharam que era mais uma maluquice do velho.
Jonas jurava, mas ninguém lhe dava ouvido. Fora confessar
com o padre e este lhe pediu que não ficasse falando isso, pois levaria a
população achar que ele enlouquecera.
Padre Antonio, muito carismático e bonachão, para acalmar o
velho amigo, pediu que o ajudasse a organizar
o salão dos milagres.
Para lá caminhou o
velho Jonas e mais algumas pessoas. Ao abrir uma caixa de velhas fotos, um
susto tomou a face de Jonas:
La estava à foto do casal que ele vira no sitio. Aquela foto
retratava a linda jovem que ele vira pessoalmente. O homem que estava com a mulher era inconfundível. seu traço e
porte era retratado fielmente nesta foto. Tinha certeza, não poderia ter duplicidade
na imagem e no que vira.
Estava diante de um caso inexplicável.
Quem explica?