Como somos carentes!
Na minha juventude,
como líder do grupo de Jovens TESTAC, da igreja católica aqui do bairro,
detectamos o problema: Éramos um povo sem expectativa.
Não tínhamos diversão, pontos de encontro ou mesmo um clube.
Esporadicamente tínhamos baile no bar do Ênio ou então no
grupo escolar e aos domingos, sem ter uma televisão com programação decente, acorríamos
para o campo de futebol para torcer e vibrar pelo nosso time de futebol e mais
nada.
Mesmo assim era tão bom, não existia violência, nossos
maiores delinquentes eram os ladrões de galinha e os COMUNISTAS comedores de crianças.
Tiraram nosso campo de futebol, a Roça grande cresceu e com isso houve a miscigenação
social, misturando o pacato nativo com o imigrante cheio de vícios. Tirara-nos
o campo de futebol, o trem suburbano os poucos lagos que tínhamos foram
contaminados e assoreados, o catolicismo não era mais a religião predominante
no bairro, os milagres de Santo Antonio começaram a ser questionados e nossos
sacerdotes que a principio eram considerados representante de Deus aqui na
terra, começaram a ser desrespeitados e a ponto de sofrerem violências
inimagináveis há décadas atrás.
A Roça grande cresceu, inchou , tornou se uns amontoados de
casas com pouca infra estrutura, a condição social ainda pendenga, vivendo de renda
exterior, pois não temos como gerir rendas. Nossos jovens sem alternativa de
trabalho u lazer enveredam para o submundo social e se encontram num cemitério ou
num fedida cela de uma delegacia de policia. É lamentável ouvir todo o final de
um feriado ou mesmo final de semana que um jovem foi morto, é a nossa força
produtiva sendo destruída e deixando um espaço vago no nosso futuro.
Muros e cercas elétricas são levantados para deter a
avalanche de marginalidade que cresce aos olhos impassíveis de nossas
autoridades, as ruas depois das vinte horas são reservadas aos corajosos que
não temem pela sua segurança.
Esse paradigma foi quebrado nesse final e princípio de ano
com a vinda do jornalista/metalúrgico da cidade de Mogi das Cruzes que com o
trenzinho por ele confeccionado iluminou a nossa terrinha, fazendo o mais
temeroso nativo, se arriscassem a sair de sua casa e passear por longos três minutos
no “TRENZINHO AZUL”. Nesses três dias de
sonhos , o “ TRENZINHO AZUL” fez vinte e cinco viagens transportando
aproximadamente quatrocentos passageiros diário, com segurança e gratuidade.
Acredite tudo feito em perfeita ordem e colaboração da
comunidade, onde o pai desta ideia magnífica é o Sr Jose Paulo Fernandes, que
anda pelo Brasil injetando o sonho nostálgico de
Mostrar aos brasileiros o gostinho doce de viajar sobre
trilhos.
Obrigado Jose Paulo Fernandes , pelo sonho proporcionado