bem vindo

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Não gosto de negros


Essa era a palavra que não saia dos lábios de Ivone, uma loirinha sapeca de 15 anos de idade, moradora da Rua São Pedro, bem atrás da escola de Roça grande, a recém inaugurada escola municipal Dr. Homero Machado Coelho. Escola esta que o prefeito Dr. Serafim da Mota Barros fez questão de vir e convidar o nosso distinto governador Dr. Jose Francisco Bias Fortes de vir a esse evento, mas como o Brasil não passava por bons momentos, não pôde comparecer. Roça grande de  quatro mil habitantes cujo  a maiorias dos moradores eram funcionários da prefeitura  ou da  companhia siderúrgica Belgo Mineira nesta época de grande expansão industrial e tendo um time campeão mineiro de futebol.Essa era a Roça grande, distrito de Sabará , cujo nosso representante no legislativo era o corretor de imóveis  Teodorico e o nosso principal transporte , era a balsa de  Antonio Fune e o trem suburbano que nos levava a Belo Horizonte ou Raposos , onde os belos rapazes da Roça iam passar  seus fins de semana , freqüentam os Clubes de danças ou mesmos desfrutar dos belos e animados poço fluviais que eram frequentados por beldades local.
Bem vamos ao que interessa. Já que você já percebeu que essa situação aconteceu na década de sessenta e estamos falando de Ivone, a menina loira filha de imigrante italiano.
Muito orgulhosa por sua “nobre” descendência, exigiu de seus pais que ela fosse estudar no Colégio Mauá de Sabará, onde a nata da sociedade  estudava e com isso conseguiria ter amigos ricos de família de gente de bem.
Não saia muito a rua para não se sujar de poeira ou ter contatos com os seus vizinhos, que na maioria eram pardos ou negros.
Ivone era cheio de recalques, puxara a sua avó paterna, uma italiana que alardeava ter sangue de nobre nas veias, mas na verdade, foi que depois da queda do ditador Mussolini, na Itália, sua família tivera que fugir num cargueiro búlgaro para qualquer pais da America, para evitar retaliações do novo governo que assumira o país do pós- guerra. Vieram parar no porto de santos e para ficar no Brasil teve que vender seus poucos pertence e contar com a acessibilidade do governo brasileiro. A mama italiana escondeu de suas netas que teve que trabalhar nos portos, recolhendo migalhas enquanto teu marido, o grande” Albertini” grande colaborador do governo fascista italiano , trabalhava dia e noite debaixo de sacas  de café  numa  empresa de exportação. Com isso juntou um dinheirinho, ficou sabendo que o estado de Minas Gerais , prometia um grande e próximo desenvolvimento industrial  , resolveram então tentar a sorte nesse estado.
Vieram para Belo Horizonte e para chegar a Sabará , foi um pulo . Albertini empregou na companhia Belgo Mineira e rapidamente, conseguiu um cargo de relevância importância dentro da empresa.Convivia fraternamente com seus colegas, chegando a ganhar um relógio de ouro, como um dos melhores funcionário do ano  na empresa.
Não entendia o porquê  sua filha tomava essa posição racista. Muitas vezes lhe dera conselho, que isso a poderia colocar em situações constrangedora . Conselho jogado ao  vento. Ivone cresceu, linda como uma rosa, delicada e perfumosa.
Teve vários namorados e era considerada uma moça de destaque da sociedade  sabarense. Um belo dia de setembro de mil novecentos e setenta ao largar o seu  local de trabalho na COTESA, companhia telefônica de Sabará, ela  escorregou numa casca de frutas na subida da Rua Borba Gato, quase em frente ao clube Cravo Vermelho e só não foi ao chão, porque um solícito rapaz  conseguiu ampará-la. De inicio ela respirou aliviada até ver quem era o seu salvador: um simples operário da Belgo Mineira e que tinha uma particularidade natural de maioria de  nativos de terra mineradora.era  negro . que nesse momento passara ao lado e percebeu o movimento vacilante e a socorreu.
Imediatamente se recompôs e começou a agredir o infeliz gritando que o atrevido a incomodara e tentara agarrá-la. Imediatamente  varias pessoas se acercaram do atrevido e se não fosse a pronta intervenção dos  soldados Câmara e  Ferreira o infeliz teria sido linchado. Ivone toda chorosa foi levada foi levada á farmácia do seu Zequinha, onde tomou um calmante e levada de carro para sua casa.Genaro, o coitado injustiçado, foi levado para  delegacia, mas como não tinha delegado aquela hora teve que dormir na cadeia.
No dia seguinte, jurando inocência foi colocado frente a frente com a suposta vítima que sustentou que havia sido assediada pelo oportunista.
Por mais que Genaro suplicasse que fosse um funcionário novo , que poderia perder o emprego , que sua noiva poderia deixá-lo, nada disso sensibilizou a socialite sabarense que altiva saiu da delegacia rodeadas de amigos e resmungando: -Negros! Que raça insolente!
Passaram anos, a vida tomou o seu rumo, Ivone se casou com emérito juiz de direito da cidade de Ponte Nova e teve dois lindos filhos. O episódio de vinte e cinco anos atrás já não fazia parte de seus arquivos cerebrais. Joana sua filha mais velha, loira de olhos verde acinzentados, corpo franzino mas que mostrava uma grande vitalidade, formara o curso secundário e para continuar teus estudos veio morar com seus tios em Sabará.
 O destino  nos reserva peças e ás vezes bem cruel.
Natal de mil novecentos e noventa e oito. Passando  uns dias com seus irmão e voltando para casa depois da missa do galo iam serelepe, mãe e filha, descendo a Rua Borba Gato, se viram cercadas por um bando de rapazes que ao avistarem semelhantes mulheres só, resolveram atacá-las. No desespero Ivone e Joana tentaram correr mas são agredidas  com selvageria pelos rapazes . No afã do desespero já seminua, Ivone avista um senhor que impassível assiste a tudo. Ferida com fraturas nas pernas e boca foi socorrida por populares que ao ouvirem os gritos de desesperos da mulher vieram em seu socorro.
Chorando , mãe e filha relataram o ocorrido e acusou um senhor negro que do lado da rua assistira impassível a tudo.
Questionado ele alegou:- a ultima vez que ajudei a uma loira, perdi meu emprego, minha noiva, fiquei com  fama de tarado e injustamente fiquei três meses em cana. Como quem assaltou foi só gente branca pensei que era uma  comemoração!-loiras! Humpf.
Em festa de canarinhos , anu não entra!




Nenhum comentário:

Postar um comentário

siga nos e comente nossas publicações