O dialeto mineirez
O mineiro ou montanhês é o dialeto do português brasileiro falado na região central do estado de Minas Gerais. Essa variante, que ocupa uma área que corresponde aproximadamente ao Quadrilátero Ferrífero, incluindo-se a fala da capital, Belo Horizonte, é um dos dialetos mais facilmente distinguíveis do português brasileiro.
Ele deve ser diferenciado do dialeto
caipira, que
cobre áreas do interior de São Paulo, Paraná e das regiões sul do próprio
estado por receber influência do interior de São Paulo.
História
A característica do dialeto mineiro apareceu
durante o século XIX, após a decadência da mineração quando o estado foi largamente esquecido
(inclusive pelos próprios governantes estaduais que centralizaram,
excessivamente, a administração do Estado à região central), com seu
acesso ao mar bloqueado por florestas e altas montanhas. Devido a esse isolamento, o
estado sofreu influência do dialeto do Rio de Janeiro no sudeste, enquanto
o sul e a região do Triângulo Mineiro, passaram a falar o dialeto caipira de São Paulo (Com o "R" retroflexo). A região central
de Minas Gerais, contudo, desenvolveu um dialeto próprio, que é o conhecido dialeto mineiro ou montanhês. Este dialeto está também
presente nas cidades de Patos de Minas, Curvelo,Governador
Valadares, Ipatinga… (Essas duas últimas de sotaque
pouco acentuado.)
Sendo uma exceção no Triângulo Mineiro entre as cidades que falam formalmente o dialeto caipira
Sendo uma exceção no Triângulo Mineiro entre as cidades que falam formalmente o dialeto caipira
Traços fonéticos
Localização
do estado de Minas Gerais no Brasil.
O dialeto mineiro apresenta as seguintes
particularidades fonéticas:
§
Apócope das vogais curtas: parte é pronunciado part' (com o "t" levemente
sibilado).
§
Assimilação
de vogais consecutivas: o urubu passa a ser u rubu.
§
Permutação de "e" em "i"
e de "o" em "u" quando são vogais curtas
§
Aférese do "e" em palavras
iniciadas por "es": esporte torna-se sportchi.
§
Somente o
artigo é flexionado no plural, à semelhança do caipira: os livros é dito us livru. Meus filhos se pronuncia meus filhu.
§
Contração
freqüente de locuções: abra as asas passa a ser abrazaza.
§
Alguns ditongos passam a ser vogais longas: fio converte-se em fíi.
§
Algumas sílabas são fundidas em outras. -lho passa a ser i (filho ⇒ fíi), -inho converte-se em -inh(pinho ⇒ pinh).
§
"r"
é pronunciado como uma consoante aspirada: rato.
§
Sonorização
do "s" final antes de vogal.
A letra R no final das sílabas também possui uma
sonorização única, similar ao R aspirado pronunciado no Rio de Janeiro, Norte e
Nordeste do país.
Exemplos
Uai: Interjeição iniciada antes de uma frase. Pode
significar espanto,dúvida, concordância. Atribui-se, sem comprovação
científica, a origem da interjeição "Uai" à adaptação da palavra why
do inglês durante a presença inglesa na construção de ferrovias.
Português padrão
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Dialeto mineiro
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Você
comprou as roupas que eu lhe pedi?
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Cê
comprô as ropaqu'eu ti pidi?
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Quantos
anos você tem?
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Quan zan cê tem?
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O que é
que ela falou?
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Que qu'ela falô?
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Eu vou
à praça com você.
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Eu vô na práss c'ocê.
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Ele
comprou aqueles cadernos para você
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Ei comprô aquês cadern pr'ôcê.
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Eu
estou ajudando-a a carregar as malas.
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Eu tô ajudãn ela carregá as mala.
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Eu
gosto de você.
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Gós
d'ôcê.
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Eu sou
de Belo Horizonte.
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Eu sô de Belorizontch. (ou BH)
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Quem é
você?
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Quem qu'é ocê?/Quem qui c'é?*
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Que
horas são?
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Conta
zora?
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Sábado
Passado…
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Sáb'passad.
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Você é
daqui mesmo?
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Cê' é
daqimês?
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Massa
de Tomate
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Mas'
d'tumati
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Posso
por o pó?
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Pó' pô'
o pó?
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Onde
que eu estou?
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"Oncôtô?"/Ondi
q'eu tô?*
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* Forma mais comum em Belo Horizonte e região
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