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sexta-feira, 9 de março de 2012

Acredite! Comi meu vizinho.




Não se assuste.

Eu sou vegetariano. Não convicto, mas o suficiente para não ser convidado para uma churrascada ou mesmo uma feijoada de fim de semana. Meu genro fica me enchendo a paciência querendo fazer um tal de galopé,que nem imagino que seja, mas com certeza o pobre do galináceo deve ser o prato principal.
O único galo que gosto de ver sendo frito é o símbolo do Clube Atlético Mineiro.
Mas vamos ao que realmente interessa. Esse fato aconteceu na década de sessenta, quando a roça grande era servida pelo trem suburbano da Rede ferroviária Federal.
O numero de atropelamento era estarrecedor.
As maquinas ferroviárias atropelavam gato, cachorro, cavalo. bois, vaca e gente.Quando era animais , era uma festa , menos para o dono dos animais que nem ia buscar a carcaça dos seu bichos pois sabia que nada iria achar. Nessa ocasião os bares do Zé Maria, Toinzinho, Zé Benfica, ficava lotado de pessoas, que pegavam peça de carne do animal e ia para esses lugares fazer o churrasquinho regado à cachaça.

Um dessas pessoas era o Raimundo, também chamado de “Mundinho”. Mundinho era um inveterado alcoólatra e vivia de um biscate aqui, outro acolá e no intervalo uma bela cachacinha.  Só parava de beber quando a grana acabava e não tinha mais ninguém para lhe pagar a saideira.
Forte como um touro, ficava a espreita ao longo da ferrovia para ver se tinha um animal fresquinho morto por atropelamento, para ele poder usufruir da tragédia animal.

Até hoje isso é comum na Roça às pessoas se reúnem principalmente na bacia dos aflitos (atual Olaria) e com uma garrafa de pinga, fazem churrasquinho de gato, gambá, tiú e quando pinta um dinheirinho, uma sardinha assada na brasa, asinha de frango comprada no açougue do Rossi ou pedaço de suã de porco cozido com folhas de ora pro nóbis ou mesmo puro. Mas nesse tempo, a Roça grande tinha somente os ambulantes peixeiro e dona Maria do fato.
Mundinho era o tal, nesse negócio de especular e achar animais com esse triste fim.
Toda semana era carne de cabrito, de vaca. Desconfiaram até que ele que levava os animais para serem aniquilado pelas composições ferroviárias.
De tanto os proprietários lastimar e tomar cuidado, foram escasseando os acidente nas via e isso era o sinal que a carne Também de churrasco iria sumir; e sumiu.
Tomar a cachacinha sem um pedaço de carne era terrível, o jeito era tirar o gosto com tomate e sal, jiló, limão vinagreiro ou mesmo uma minguada pele de porco.
Mundinho trabalhava dobrado para sobrar um dinheirinho extra com objetivo de passar o final de semana numa verdadeira festa regada a churrasco e cachaça.
Não era a mesma coisa, carne comprada é ruim. Tem que ser aqui o trem pega e mata.
Numa sexta feira de quaresma, tarde da noite , mundinho, caminhava pelo trilho de trem em direção à vila “pau comeu” quando sentiu algo sólido em seus pés. Tocou e notou que algo viscoso estava entre seus dedos.
-é sangue! Exclamou.
A luz da lua não iluminava bem, mas sentiu que havia um animal sido atropelado.
Arrancou de sua peixeira e cortou um pedaço e voltou todo contente para o boteco do
Toinzinho.
Chegando La ordenou:
Frita esse pedaço de carne pra mim e me dê um litro de cachaça.
O comerciante muito solícito pegou o pedaço de carne, limpou , temperou e colocou na frigideira.
A carne parecia viva, estourava e cresceu de um jeito espantoso. Ao provar notou que ela não tinha gosto nem de carne de porco e nem de boi, parecia carne de gambá.
Bem me pediram pra fritar , assim o fiz , vou por a cebola e servir. meditou o comerciante.
Era um bom naco de carne que Mundinho e seus amigos saborearam como tira-gosto. Pena que acabou. Mas valeu a pena, pensou o bebum.
No dia seguinte acordou com a boca amarga, o estomago parecia um redemoinho, a ressaca estava terrível. Levantou lavou o rosto tomou um chá de folha de boldo e saiu para ir à pracinha.
Ao chegar à pracinha, havia um rebuliço, policia e muita gente em torno da estação de trem.
Indagando uns e outro ficou sabendo que o trem tinha feito mais uma vitima. Desta vez a vitima foi o seu Oscar de dona Mercês, amigo e vizinho seu.  Um homem que saia cedo pra trabalhar de camelô em Belo Horizonte e quando voltava, estava sempre cansado e com uma cervejinha na cabeça. Certamente andando no meio dos trilhos não notou que o veiculo férreo se aproximava e foi tristemente arrastado até a morte.
O que intrigava a policia e as pessoas que parte da barriga do morto parecia que foi cortada a faca, pois o umbigo e parte desse  corpo não foram encontrados.
Ao saber desse detalhe, mundinho sentiu um gosto mais amargo na boca, sentiu náusea e desmaiou. Descobriu horrorizado qual foi o torresmo que ele comeu no bar do Toinzinho.
Que coisa hem sô!















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