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segunda-feira, 5 de março de 2012

Eu tenho Aids





Não tinha homem, nos bares ou na rua que não parava para admirar aquela bela mulher.
Onde passava, o transito parava.
Loira, cabelos lisos comprido, olhos castanho claríssimo, pareciam duas pedras de águas marinhas, de tão brilhante e sedutor. A boca, meu Deus que boca! Seus dentes alvos e perfeitos nos deixavam de boca aberta. A pele clara e delicada parecia revestida de pétalas de rosa branca. Os pezinhos delicados pisavam com firmeza o chão impuro que recebia esse peso angelical.
Acreditavam os homens da Roça grande, que tal visão veio do céu, para as mulheres ela deveria ser a pomba gíria em pessoa que subiu do inferno pra poder infernizar a vida dos seus maridos, mas na verdade essa linda mulher era sobrinha de dona Zica, esposa do seu Onofre benvindo, que era vigia do hospital Cristiano Machado. A donzela em questão veio passar uma temporada na casa do tio e criar um rebuliço no pequeno distrito de Roça grande.
Nancy alem de ser uma linda mulher, era acessível a toda investida dos nativos da terra.
Com isso recebia elogio e presente de todo elemento masculino do bairro e da cidade de Sabará. Os rapazinhos tinham devaneio, os mais velhos que só tomavam banho aos sábado e domingo, passou a se higienizar diariamente, fazer e alinhar os cabelos, para pelo menos receber um simples olhar daquele anjo loiro.
Alguns a comparavam a Brigite Bardot, outro juravam que era a Julie Andrews, mas todos eram unanimidade em dizer que a Vera Fisher, miss Brasil 1969 não chegava a teus pés.
Aposta foram feitas para ver quem conseguiria pelo menos pegar nas mãos dela.
O primeiro a tentar, foi o Oswaldo. Famoso por ter uma aparência a La Elvis Presley. Ter um possante Mavericks e um estilo bem marcante de conquistar as mulheres. Era o Don Juan da Roça.
Para surpresa de todos na tardinha de Sábado enquanto os moradores curtiam a calmaria do bairro, Oswaldão passou no teu carro conversível tendo à loira como passageira. Espanto. Como ele conseguiu?
Foi assunto para toda a semana e isto encorajou outros a tentar.
Nancy muito assediada viu crescer a corte de seus admiradores e para agradar seus fiéis cortesões ia para pracinha tomar sorvete e jogar vôlei com os amigos.
As mulheres casadas a odiavam chegaram a reclamar junto ao padre Antonio, do jeito imoral que a rival se portava no bairro.
O santo padre ponderou que quem estava, portanto mal eram os homens que não lhe deixava em paz.
O tempo passou e cada vez era os boatos que Nancy esta saindo com todos os homens do bairro. Sempre no domingo, podia notar uma expressão de felicidade de um morador e de fúria de uma moradora que queria saber por que seu marido não havia dormido em casa.
A donzela loira chegou a ser agredida por uma mulher que cismou que ela tinha um caso com o teu marido.
Tanto foi a pressão feminina que seu Onofre achou por bem mandar embora o pomo de discórdia do bairro.
Partiu a loirinha linda, para sua terra.
O bairro voltou à normalidade.
Eunice funcionaria do hospital das clinicas de Belo horizonte, ao passar ao centro de referencia das doenças infecto contagiosa notou uma mulher, pálida e frágil. A fisionomia lhe lembrava alguém. Aproximou e teve confirmada a sua suspeita: Era Nancy .
Ao conversar com aquela que até pouco tempo era a musa dos homens de seu bairro ouviu aterrorizada a grande verdade.
Nancy fora morar em Roças grande porque havia contraído SIDA (A síndrome da imunodeficiência adquirida (SIDA, normalmente em Portugal, ou AIDS, mais comum no Brasil) e fora para Sabará para tentar se tratar. Sabia que iria morrer e no desespero resolveu curtir os seus últimos dias com muitos homens. Foi o que fez na roça. Iria morrer, mas muita gente também está no caminho que ela traçou.


Misericórdia, meu Deus













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