A MORTE DE
PEDRO
Quem Não
gostava de Pedro? Alegre jovial, bastante popular e carismático.
Evangélico por
opção. Levava a vida comum de um operário típico de Roça Grande.
Levantava com
os pássaros, pegava o B3 (subúrbio Rio Acima/Belo Horizonte) que passava no
bairro ás cinco e vinte da manhã e voltava no trem das sete horas.
Sábado e
domingo alem de sua costumeira pelada de futebol com os amigos, não faltava ao
culto da igreja evangélica Assembleia de Deus.
Trabalho,
futebol e oração essa era a constante deste rapazinho de vinte e três anos de
idade, magro, um metro e sessenta de altura cinquenta e seis quilos.
Trabalhava
tanto que perdia a noção do descanso e refeição e por muitas vezes, fora
obrigado a se deitar ou parar no departamento medico da empresa que trabalhava
por fadiga e mesmo desnutrição.
Aconselhado
pelos amigos a fazer um chek up, sorria e dizia que o médico dele é
Jesus e que nada aconteceria sem que não fosse vontade do Salvador da
humanidade.
Passava o
tempo e Pedro cada vez mais se sentia fraco. Fora afastado para tratamento médico
e quando o exame chegou
às mãos do
medico com que se tratara, fora constatado um triste e alarmante fato.
Pedro estava
com leucemia. Desespero e dor dos
familiares.
Mesmo com esse
diagnóstico, Pedro não perdeu sua fé e sua alegria de viver, brincava com seus
amigos, dizendo que toda essa apreensão com a sua saúde, levariam seus amigos
muito mais rápidos para o cemitério do que ele próprio.
O tratamento
foi doloroso, radioterapia, tratamento a base de cobalto, tirava o brilho no
sorriso de Pedro, mas não a fé em Jesus Cristo. Fora flagrado diversas vezes em
jejum em louvor a Jesus Cristo.
Desmaio constante,
olhar fundo e vago mostrava um quadro desanimador e tétrico de sua saúde.
Fora internado
em estado gravíssimo.
Internato no
Centro de Tratamento Intensivo (CTI) ficou vários dias em observação e
tratamento. Com o quadro estável fora transferido para a Unidade de Tratamento
Intensivo (UTI).
De lá com o
apoio da comunidade evangélica fora para um apartamento particular.
Com isso
visita era constante. Seus familiares em contato com os médicos que o
observava. Ficavam cada vez mais apreensivos em relação ao futuro de Pedro.
Não havia mais
o que fazer em relação ao quadro clinico do amigo Pedro. Estava
irremediavelmente condenado. A leucemia tornava cada vez mais frágil o corpo de
Pedro.
Não se
alimentava do jeito convencional, somente através de sonda.
Manhã de
Sábado 17 de setembro de 1989. Pedro abriu os olhos ,deu um bocejo e uma
risada ao seu estilo.
Sua irmã e sua
namorada estranhou esse fato.
-Que foi
Mariana? - sorriu alegre Pedro.
Parece que viu
um fantasma.
-Não e isso
Pedrinho. È que você está tão bem. Que ficamos eufóricas pelo fato.
-Ta!Ta!Ta! Mas
não fique muito alegre não para não ter uma decepção maior.
Hoje eu vou
embora!-disse alegre Pedro.
Claro que vai.
E nós vamos comemorar com um bom prato de Ora-pro-nóbis com galinha e um bom
suco de manga, do jeitinho que você gosta. –exultou sua noiva.
-Mariana você
foi a melhor coisa que apareceu em minha vida e você merece arrumar algo digno
de você. -Veja em que estado eu me encontro. Ao invés de estar na igreja dando
sua atenção á jovens saudáveis e bonitos... você esta presa a este quadro
,vigiando um moribundo .
Ao ouvir essas
palavras Mariana chorou.
Não conseguia
atinar para a verdade que se desenhava.
Pedro estava
delirando. Só podia ser.
Vou embora
hoje e você vai me prometer que vai arrumar um jovem saudável para ser seu
companheiro. Não quero ver você sofrer.
O medico de
plantão que fora chamado. AO examinar Pedro se espantou com o seu estado de
saúde .
Incrível! Ele
esta com quadro de saúde surpreendente. Se continuar poderemos retomar o
tratamento e breve poderá voltar para casa.
Pedro sorriu.
- Eu vou para casa hoje doutor.
Quem lhe disse
isso. Inquiriu o médico.
Jesus.
Respondeu convicto.
ok. Mas eu não
autorizo. Brincou o médico.
Vai autorizar.
Quando Jesus quer nada pode ser contra.
A noticia da
repentina melhora de Pedro chegou como um furacão em Roça Grande.
Amigos e
congregado da igreja evangélica em jubilo foram visitá-lo
Os seguranças
do hospital da previdência tiveram muitos trabalho para organizar e manter a
segurança ante a avalanche de amigos que foram visitar Pedro.
O pastor organizou um pequeno culto no
apartamento de Pedro e a cada dez minutos outros irmãos entravam para saudar o
amigo enfermo e dar graças a Jesus pela cura repentina.
Pedro sereno e
feliz. Fitava um canto da parede constantemente e pelo seu semblante o que via
o deixava confortado e feliz.
Às dezoito
horas, depois de todas as manifestações solidárias de parente e amigos.
Pedro deu um suspiro. –Agora estamos sós nos aqui no quarto.
Pedro deu um suspiro. –Agora estamos sós nos aqui no quarto.
Mariana
concordou. – Sim Pedrinho. Você pode descansar.
Não quero
descansar. Quero continuar conversando com eles.
Com eles quem?
Perguntou sua irmã.
Eles, ora.
Minha avó, vovó, tio Jair. Nosso irmão Mirinho e tia Zuleika.
Querido ralhou
docemente Mariana. Essas pessoas que você diz estar aqui, já morreram nenhuma
dela esta mais neste mundo.
-Eu sei.
Concordou o enfermo. Eles vieram-me dizer que estou de partida, para um mundo
bem melhor.
-pare de
brincadeira Pedrinho. Você vai viver bastante.
Vou com
certeza. Mas com Jesus e ele já veio neste quarto me avisar que partirei com
ele ás 23 horas.
Não brinque
com isso. Ralhou docemente Mariana.
Mas é verdade.
Estou vendo aqui no quarto alem de vocês, todas as pessoas que me tem estima.
Pessoas que já partiram deste mundo e estão aqui me aguardando para me juntar a
eles.
Mariana não aguentando
aquele momento de insanidade. Saiu do quarto para chorar.
Pedro não estava normal. Ela sentia que algo poderia acontecer.
Pedro não estava normal. Ela sentia que algo poderia acontecer.
Às 21 horas
Pedro acordou sobressaltado e pergunta pelas horas.
-Hora de tomar
banho. Por favor. Chame meu Pai, mamãe, o pastor que este ai fora. Quero me
preparar.
Pedro se
arrumou de acordo com o seu desejo. Pediu para vestir a camisa de seda branca,
o pijama também seria o branco.
Beijou sua mãe
e agradeceu por tudo o que ela fez por ele.
Um a um foi
chamando e se despedindo. Todos ralhavam com ele, ma s ele retrucava feliz.
Estou com
Jesus – dizia.
Daqui a pouco
estarei na graça do meu querido Jesus.
O clima ficou
pesado. Pedro tinha consciência do que estava falando. Seu pai alarmado chamou
o médico.
O doutor
Fernando se aproximou de Pedro, aferiu sua pressão arterial, fez o exame de
rotina e deliberou que estava tudo normal.
_ sim doutor
está normal. Esse povo bobo que não quer me ver partir. e oh ! Falta cinco minutos.
Olha Jesus
esta aqui.
Curioso Dr.
Fernando inquiriu:
Como você vê
Jesus Pedro?
Ele esta
lindo. Afirmou o enfermo. Está no formato de uma luz amarela brilhante, mas que
não me ofusca a visão.
Vejo também
aqui ao lado de minha cama, todos os meus amigos e pessoas que nem conheço, mas
que me dão boa vinda.
Pedro olhou
para as pessoas que estavam no quarto. Todos choravam.
Mãezinha!
Ralhou Pedro. Estou feliz! A senhora não quer minha felicidade?
D. Inácia não
respondeu. Apertou as mãos frias de seu filho e deu lhe um beijo na face.
Foi tudo.
Pedro fechou os olhos para sempre.
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