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terça-feira, 20 de março de 2012

A morte de Pedro



A MORTE DE PEDRO


 


Quem Não gostava de Pedro? Alegre jovial, bastante popular e carismático.
Evangélico por opção. Levava a vida comum de um operário típico de Roça Grande.
Levantava com os pássaros, pegava o B3 (subúrbio Rio Acima/Belo Horizonte) que passava no bairro ás cinco e vinte da manhã e voltava no trem das sete horas.
Sábado e domingo alem de sua costumeira pelada de futebol com os amigos, não faltava ao culto da igreja evangélica Assembleia de Deus.
Trabalho, futebol e oração essa era a constante deste rapazinho de vinte e três anos de idade, magro, um metro e sessenta de altura cinquenta e seis quilos.
Trabalhava tanto que perdia a noção do descanso e refeição e por muitas vezes, fora obrigado a se deitar ou parar no departamento medico da empresa que trabalhava por fadiga e mesmo desnutrição.
Aconselhado pelos amigos a fazer um chek up, sorria e dizia que o médico dele é Jesus e que nada aconteceria sem que não fosse vontade do Salvador da humanidade.
Passava o tempo e Pedro cada vez mais se sentia fraco. Fora afastado para tratamento médico e quando o exame chegou
às mãos do medico com que se tratara, fora constatado um triste e alarmante fato.
Pedro estava com leucemia.  Desespero e dor dos familiares.
Mesmo com esse diagnóstico, Pedro não perdeu sua fé e sua alegria de viver, brincava com seus amigos, dizendo que toda essa apreensão com a sua saúde, levariam seus amigos muito mais rápidos para o cemitério do que ele próprio.
O tratamento foi doloroso, radioterapia, tratamento a base de cobalto, tirava o brilho no sorriso de Pedro, mas não a fé em Jesus Cristo. Fora flagrado diversas vezes em jejum em louvor a Jesus Cristo.
Desmaio constante, olhar fundo e vago mostrava um quadro desanimador e tétrico de sua saúde.
Fora internado em estado gravíssimo.
Internato no Centro de Tratamento Intensivo (CTI) ficou vários dias em observação e tratamento. Com o quadro estável fora transferido para a Unidade de Tratamento Intensivo (UTI).
De lá com o apoio da comunidade evangélica fora para um apartamento particular.
Com isso visita era constante. Seus familiares em contato com os médicos que o observava. Ficavam cada vez mais apreensivos em relação ao futuro de Pedro.
Não havia mais o que fazer em relação ao quadro clinico do amigo Pedro. Estava irremediavelmente condenado. A leucemia tornava cada vez mais frágil o corpo de Pedro.
Não se alimentava do jeito convencional, somente através de sonda.
Manhã de Sábado 17 de setembro de 1989. Pedro abriu os olhos ,deu um bocejo e uma risada  ao seu estilo.
Sua irmã e sua namorada estranhou esse fato.
-Que foi Mariana? - sorriu alegre Pedro.
Parece que viu um fantasma.
-Não e isso Pedrinho. È que você está tão bem. Que ficamos eufóricas pelo fato.
-Ta!Ta!Ta! Mas não fique muito alegre não para não ter uma decepção maior.
Hoje eu vou embora!-disse alegre Pedro.
Claro que vai. E nós vamos comemorar com um bom prato de Ora-pro-nóbis com galinha e um bom suco de manga, do jeitinho que você gosta. –exultou sua noiva.
-Mariana você foi a melhor coisa que apareceu em minha vida e você merece arrumar algo digno de você. -Veja em que estado eu me encontro. Ao invés de estar na igreja dando sua atenção á jovens saudáveis e bonitos... você esta presa a este quadro ,vigiando um moribundo .
Ao ouvir essas palavras Mariana chorou.
Não conseguia atinar para a verdade que se desenhava.
Pedro estava delirando. Só podia ser.
Vou embora hoje e você vai me prometer que vai arrumar um jovem saudável para ser seu companheiro. Não quero ver você sofrer.
O medico de plantão que fora chamado. AO examinar Pedro se espantou com o seu estado de saúde .
Incrível! Ele esta com quadro de saúde surpreendente. Se continuar poderemos retomar o tratamento e breve poderá voltar para casa.
Pedro sorriu. - Eu vou para casa hoje doutor.
Quem lhe disse isso. Inquiriu o médico.
Jesus. Respondeu convicto.
ok. Mas eu não autorizo. Brincou o médico.
Vai autorizar. Quando Jesus quer nada pode ser contra.
A noticia da repentina melhora de Pedro chegou como um furacão em Roça Grande.
Amigos e congregado da igreja evangélica em jubilo foram visitá-lo
Os seguranças do hospital da previdência tiveram muitos trabalho para organizar e manter a segurança ante a avalanche de amigos que foram visitar Pedro.
 O pastor organizou um pequeno culto no apartamento de Pedro e a cada dez minutos outros irmãos entravam para saudar o amigo enfermo e dar graças a Jesus pela cura repentina.
Pedro sereno e feliz. Fitava um canto da parede constantemente e pelo seu semblante o que via o deixava confortado e feliz.
Às dezoito horas, depois de todas as manifestações solidárias de parente e amigos.
Pedro deu um suspiro. –Agora estamos sós nos aqui no quarto.
Mariana concordou. – Sim Pedrinho. Você pode descansar.
Não quero descansar. Quero continuar conversando com eles.
Com eles quem? Perguntou sua irmã.
Eles, ora. Minha avó, vovó, tio Jair. Nosso irmão Mirinho e tia Zuleika.
Querido ralhou docemente Mariana. Essas pessoas que você diz estar aqui, já morreram nenhuma dela esta mais neste mundo.
-Eu sei. Concordou o enfermo. Eles vieram-me dizer que estou de partida, para um mundo bem melhor.
-pare de brincadeira Pedrinho. Você vai viver bastante.
Vou com certeza. Mas com Jesus e ele já veio neste quarto me avisar que partirei com ele ás 23 horas.
Não brinque com isso. Ralhou docemente Mariana.
Mas é verdade. Estou vendo aqui no quarto alem de vocês, todas as pessoas que me tem estima. Pessoas que já partiram deste mundo e estão aqui me aguardando para me juntar a eles.
Mariana não aguentando aquele momento de insanidade. Saiu do quarto para chorar.
Pedro não estava normal. Ela sentia que algo poderia acontecer.
Às 21 horas Pedro acordou sobressaltado e pergunta pelas horas.
-Hora de tomar banho. Por favor. Chame meu Pai, mamãe, o pastor que este ai fora. Quero me preparar.  
Pedro se arrumou de acordo com o seu desejo. Pediu para vestir a camisa de seda branca, o pijama também seria o branco.
Beijou sua mãe e agradeceu por tudo o que ela fez por ele.
Um a um foi chamando e se despedindo. Todos ralhavam com ele, ma s ele retrucava feliz.
Estou com Jesus – dizia.
Daqui a pouco estarei na graça do meu querido Jesus.
O clima ficou pesado. Pedro tinha consciência do que estava falando. Seu pai alarmado chamou o médico.
O doutor Fernando se aproximou de Pedro, aferiu sua pressão arterial, fez o exame de rotina e deliberou que estava tudo normal.
_ sim doutor está normal. Esse povo bobo que não quer me ver partir. e  oh ! Falta cinco minutos.
Olha Jesus esta aqui.
Curioso Dr. Fernando inquiriu:
Como você vê Jesus Pedro?
Ele esta lindo. Afirmou o enfermo. Está no formato de uma luz amarela brilhante, mas que não me ofusca a visão.
Vejo também aqui ao lado de minha cama, todos os meus amigos e pessoas que nem conheço, mas que me dão boa vinda.
Pedro olhou para as pessoas que estavam no quarto. Todos choravam.
Mãezinha! Ralhou Pedro. Estou feliz! A senhora não quer minha felicidade?
D. Inácia não respondeu. Apertou as mãos frias de seu filho e deu lhe um beijo na face.
Foi tudo. Pedro fechou os olhos para sempre.  


















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