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sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Isso só acontece na minha Roça grande!



Estava bem escuro. Já se passava das seis da tarde e as luzes parcas dos postes da rua se acendiam.

Um silencio sepulcral tomava conta da Rua são Paulo , bem no centro do bairro de Roça grande. O pavor imperava. Todos tinham medo de colocar a cara na janela , ou mesmo espiar pela fresta das portas e janela. Um gato preto cruzara a rua em veloz carreira . O ultimo subúrbio da tarde que liga o bairro á Sabará já tinha partido . Quem deveria sair, já saiu . Quem deveria chegar já chegou ou estava pra chegar.

Ouvia ao longe a oficina do Zé campel, martelando a lata de massa de tomate, fazendo mais um caneco. Até o corajoso Zé da grota se rendeu ao inexplicável. Todos estavam na expectativa do fato ocorrer de novo , com certeza aconteceria. Na semana passada aconteceu, por que hoje não aconteceria?

Um mugido se fez ouvir ao longe. – Droga até as vacas do Antônio do mato estavam com medo?

Haveria a novena de Santo Antonio , mas quem se atreveria a sair nesta noite?

O padre tinha que entender, o santo com certeza aconselharia a defender seus lares e acender uma vela pro papai do céu.

O relógio cadenciava o tempo. Todos os moradores da rua estavam na expectativa. Uns sentados ao redor da mesa, outros despistando e espiando pra fora , mas todos tinham algo em comum: Tinham medo de respirar. O clima era tão tenso , que se podia corta-lo com uma faca.

Oito horas, o tempo não passava, o programa “a hora do Brasil “, com certeza já tinha acabado e ninguém ouviu noticia do presidente JK. A noticia da inauguração da nova capital do Brasil , ficara pra segundo plano. Todos estavam interessados e ansiosos pra descobrir o que era aquilo.

Tava demorando.Iria ou não iria acontecer?

Angustia, medo, a luz da casa de onde vinham o estranho fenômeno se acendeu. Medo, expectativa, pavor!

Agora iria acontecer. Meu DEUS, Jesus! Maria! José! Iria acontecer novamente. São Jorge nos acuda! Santo Antônio venha em nosso socorro!

As vozes começaram a sair da casa novamente. Eram desconexa e confusa. Não eram humanas. Um grupo de homens resolveu acabar com esse demônio que estava dentro dessa casa.

Casa essa habitada por um senhor que se dizia trabalhar para o governador de  Minas Gerais Dr Jose Francisco Bias Fortes, que todo o fim de semana vinha passar o fim de semana na sua casinha na Roça.

O coronel Clovis se assustou quando sua sala foi invadida por um bando de homens armados de enxada e foice e atacou impiedosamente a caixa que emitia sons de outro mundo.

Desolado e furioso ele viu ser destruída a primeira televisão que chegou em Roça grande
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