História de Xangô
XANGÔ
Talvez estejamos
diante do Orixá mais cultuado e respeitado no Brasil. Isso porque foi ele o
primeiro deus iorubano, por assim dizer, que pisou em terras brasileiras. É,
portanto, o principal tronco dos candomblés do Brasil.
Xangô é o rei das pedreiras, Senhor dos
coriscos e do trovão, Pai de justiça e o Orixá da política. Guerreiro, bravo e
conquistador, Xangô também é conhecido como o Orixá mais vaidoso, entre os
deuses masculinos africanos. É monarca por natureza e chamado pelo termo Oba,
que significa rei. E é o Orixá que reina em Oyó, na Nigéria, antiga capital
política daquele país.
No dia a dia encontramos Xangô nos
fóruns, delegacias, ministérios políticos. Encontramos Xangô nas lideranças de
sindicatos, associações, movimentos políticos, nos partidos políticos, nas
campanhas políticas, enfim, em tudo que gera habilidade no trato das relações
humanas ou nos governos, de um modo geral.
Xangô é a ideologia, a decisão, a
vontade, a iniciativa. Xangô é a rigidez, a organização, o trabalho, a
discussão pela melhora, o progresso cultural e social, a voz do povo, o
levante, a vontade de vencer.
Xangô é a capacidade de organizar e pôr
em prática os projetos de diferentes áreas, é a reunião de pessoas, para
discutirem pontos e estratégias de trabalho. Xangô também é o sentido de
realeza, a atitude imperial, monárquica. É o espírito nobre das pessoas, o
chamado "sangue azul", o poder de liderança.
Ele está presente nos trabalhos de
jornalistas, escritores, advogados, juízes, promotores, delegados,
investigadores, deputados, senadores, vereadores, sindicalistas, líderes
comunitários, administradores, etc. É o líder, o monarca, o reformador.
Xangô também é representado pela
pedreira. É a pedra – seja ela qual for – a rocha, o fogo interior da terra. É
a lava do vulcão e é o próprio vulcão. Está presente em todos os lugares
rochosos e arenosos e também muito ligado ao calor do sol. É o justiceiro da
Natureza, aquele que manda castigar e que também castiga.
Xangô está presente em muitos momentos
importantes de nossas vidas, como, por exemplo: na assinatura de contratos e
distratos, nos telegramas, nas leis e decretos, na confecção de códigos,
livros, almanaques, dicionários, nas decisões judiciais, na voz da prisão, na
autoridade do professor, do policial, do juiz, do pai ou da mãe, tio, avô,
irmão mais velho ou responsável. Xangô é a atitude digna, a fortaleza, a
decisão final.
Saudamos Xangô no ribombar dos trovões,
pois ali está sua voz. Sentimos sua presença nos raios e nos grandes incêndios,
situações que, por sinal, são também regidas por Iansã.
Xangô rege a bravura, o senso justo e
todo elemento rochoso do mundo.
Mitologia
Filho de Bayani e marido de Iansã, Obá
e Oxum, Xangô nasceu para reinar, para ser monarca e, como Ogum, para conquistar
e solidificar, cada vez mais, sua condição de rei.
Uma das lendas que mostra bem o senso
de justiça de Xangô, é aquela conta a história de uma conquista, feita pelo
deus do trovão.Xangô, acompanhado de numeroso exército, viu-se frente à frente
com o exército inimigo. Seus opositores tinham ordens de não fazer
prisioneiros, destruir o inimigo, desde o mais simples guerreiro até os
ministros e o próprio Xangô. E, ao longo da guerra, foi exatamente o que
aconteceu. Aqueles que caíam prisioneiros dos exércitos inimigos de Xangô eram
executados sumariamente, sem dó ou piedade, sendo os corpos mutilados
devolvidos para que Xangô visse o suposto poder de seu inimigo.
Batalhas foram travadas nas matas, nas
encostas dos morros, nos descampados. Xangô perdeu muitos homens, sofreu
grandes baixas, pois seus inimigos eram impiedosos e bárbaros.
Do alto da pedreira, Xangô meditava,
elaborava planos para derrotar seu inimigo, quando viu corpos de seus fiéis
guerreiros serem jogados ao pé da montanha, mutilados, com os olhos arrancados
e alguns com a cabeça decepada.
Isto provocou a ira de Xangô que, num
movimento rápido e forte chocou seu machado contra pedra, provocando faíscas
tão fortes que pareciam coriscos. E quanto mais forte batia mais os coriscos
ganhavam força e atingiam seu inimigo.
Tantas foram as vezes que Xangô bateu
seu machado na rocha, tantos foram os inimigos vencidos. Xangô triunfara, saíra
vencedor. A força de seu machado de emudeceu e acovardou inimigo.
Com os inimigos aprisionados, os
ministros de Xangô clamaram por justiça, pedindo a destruição total dos
opositores. Um deles lembrou Xangô:
- Vamos liquidá-los a todos. Eles foram
impiedosos com nossos guerreiros!
- Não! – enfatizou Xangô – meu ódio não
pode ultrapassar os limites da justiça! Os guerreiros cumpriam ordens, foram
fiéis aos seus superiores e não merecem ser destruídos. Mas, os líderes sim,
estes sofrerão a ira de Xangô.
E, levantando seu machado em direção ao
céu, Xangô gerou uma seqüência de raios, destruindo os chefes inimigos e liberando
os guerreiros, que logo passaram a servi-lo com lealdade e fidelidade.
Assim, Xangô mostrou que a justiça está
acima de tudo e que, sem ela, nenhuma conquista vale a pena, e o respeito pelo
rei é mais importantes que o medo.
Esse é Xangô que, apesar de ser grande
guerreiro, justo e conquistador, detesta a doença, a morte e aquilo que já
morreu. Xangô é avesso a eguns (espíritos desencarnados). Admite-se que ele é
numa espécie de ímã de eguns, daí sua aversão a eles.
Xangô costuma entregar a cabeça de seus
filhos a Obaluaê e Omulu sete meses antes da morte destes, tal grau de aversão
que tem por doenças e coisas mortas.
O elemento fundamental de Xangô é o
fogo.
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