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quinta-feira, 30 de julho de 2015

Telepatia





Na fabrica de tijolo na Roça grande, trabalhavam todo o tipo de pessoas. Tanto o imigrante vindo do norte de Minas  como Montes Claro ,Januária e Turmalina ,quanto do leste do estado como Governador Valadares e Mantena e  de outros estados como Bahia,Espírito Santo e  desta terra aportou  em Roça Grande a família do seu Raimundo Nonato ; de origem baiana ,um mulato que cansou de plantar cacau na terra do Senhor do Bonfim e sabendo do ouro que germinava na terra das minas gerais , veio tentar a sorte .
Integrava a família do “seu” Raimundo, sua esposa Maria, o filho de 12 anos Zezito e duas meninas de quatro anos de idade (Débora e Sara) que nasceram no dia de santa Bárbara, quatro de dezembro de 1920.
Como não se adaptou na lida diária de apurar o ouro ‘as margens do Rio das velhas, resolveu adquirir um pedaço de terra e fazer o que sabia fazer perfeitamente, plantar roça.
E foi assim que se instalou ás margens da estrada velha e um dia trabalhava na olaria para com o dinheiro pagar a terrinha que comprara e no outro dia levantava bem cedinho, com o canto do galo para cuidar de suas plantações.
Um dia sua esposa cheia de suas obrigações diária, levara a sua filhinha Débora para junto de uma arvore e deixara a outra menina dentro de seu humilde barracão dormindo num berço feito de tronco de ipê e fora lavar roupa no riacho que passava ao largo de sua casa.
De repente Débora começou a chorar, e por mais que sua mãe tentava acalmá-la não havia jeito, ela estava tão agitada que deixou todos preocupado.
Sem saber como acalmá-la dona Maria pediu ao seu marido que fosse buscar o chocalho que havia deixado no berço dentro do casebre,
Assim seu Raimundo, correu para dentro casebre, pois não estava tolerando o choro de sua filhinha quase tropeçou na enorme jararacuçu que estava quase alcançando o leito de sua filha Sara e certamente iria atacá-la.
Imediatamente ele lançou mão de um pilão de moer café e com uma forte pancada conseguiu eliminar o peçonhento animal.
No momento que a cobra foi morta, Débora se calou e começou a sorrir e brincar como era o seu natural e esse fato foi comentado em toda a região. E vários fatos aconteceram ligando ‘as gêmeas que pareciam ter telepatia.
Não precisavam abrir a boca para se comunicarem. Uma pensava a outra sentia e com isso armavam as maiores traquinagem na região.
Na escola as nota eram idêntica, por mais que Dona Gercina, uma professora muito enérgica, tomasse as providencia para que uma não colasse da outra era impossível, até os erros eram idênticos.
Se uma tinha um desejo de comer jaca do sitio de Dona Sá Ninha, mãe do Afonso de Paula, a outra também tinha o mesmo desejo. Se adoecesse a outra também teria o mesmo sintomas.
Namorados sofriam com as traquinagens das duas, não sabiam se estavam conversando com a Sara ou com a Débora e muitas vezes éramos enganadas. Mas a beleza das gêmeas compensava a raiva que passavam.
Débora aos quinze anos era uma morena de olhos verde cabelos longos ondulado, corpo esguio e firme, montavam a cavalo como ninguém e logicamente Sara sua irmã gêmea uni vitelina tinha as mesma característica somente um observação bem apurada é que se notaria que Débora tinha uma cicatriz no lóbulo da orelha em virtude de uma infecção quando sua mãe foi colocar um brinco de ouro em sua orelha, quando ela tinha sete anos e essa cicatriz deixou em sua pele um cor esbranquiçada bem discreta.
Por vocação ou cumplicidade resolveram estudar e ser professora.
Completaram seus estudo no colégio Santa Rita em Sabará e lá lecionaram por muito tempo.
Com o advento da terrível segunda grande guerra, muitos sabarense foram convocado, primeiramente para reforçar a fronteira do país e mais tarde lutar contra os alemães e italianos na Europa.
Débora resolveu ser voluntária no esforço de guerra e se alistou no exercito indo servir na capital do Brasil.
Foi designada para trabalhar no serviço de comunicação do exercito. Sara ficou em casa cuidando da mãe e do Pai seu irmão por sorte não foi convocado e isso deixou a família em parte aliviada, somente pairava no ar as preocupação com Débora, mas as noticia que chegavam do Rio de Janeiro davam conta que o serviço dela era deprimente, mas seguro.
Ela só deveria redigir carta de pêsames para as famílias que teve o ente querido morto ou desaparecido em campo de batalha.
Apesar de audaciosa e ousada Débora era sensível e quando redigia as dolorosas cartas, chegava a chorar e lamentar as mortes estúpida e prematuras de jovens em batalhas na Itália principalmente.
Tudo isso era captado por Sara que imediatamente transmitia para a família as sensações que acreditava emanava de sua querida irmã.
Um dia Sara despertou alegre, correu para a sala e pediram ao seu irmão Zezito que fosse buscar flores, as mais bonitas que ele encontrasse de preferência margaridas e amor-perfeito.
Por quê? - perguntou o seu pai.
-Não sei pai!Simplesmente hoje quero a casa bem arrumada, vou preparar um guisado de caruru com frango e me vestir com roupa de festa e o senhor e a mamãe e também o Zezito deve fazer o mesmo.
“Oce num ta com o pino solto não, minina?” - perguntou o pai.
To não pai. Mas eu acho que boa noticia vem por ai.
E realmente ante do almoço um carro parou na porteira da casa do sô Raimundo e para alegria de todos Débora numa farda verde oliva desceu do carro alegre e sorridente mostrando os lindo dentes alvos; a doce menina que largou tudo e foi servir o pais estava de volta ao lar.
Estava mais gorda que a sua irmã, mas continuava tendo o espírito jovial e singelo que sempre foi sua marca.
Conversaram bastante e Débora deu à grande noticia, vindo diretamente do catete, segundo altas patentes militares, a guerra estava por um fio de se acabar, os alemães sofreram derrota fragorosa na Rússia e Polônia e os aliado preparavam um golpe mortal possivelmente ao sul da Itália ou França.
Comentou que estava namorando firme um capitão, seu superior hierárquico e pretendiam casar se logo que essa tormenta mundial extinguisse.
Dispensada do serviço militar voltou a dar aula, agora na capital mineira. Enquanto Sara lecionava no colégio Santa Rita em Sabará. Sara também começou a namorar. Apaixonara por seu colega de profissão, um ótimo professor com um futuro brilhante e perspectiva de sucesso na arte de lecionar.
Terminada a guerra, o capitão Rolin, veio em Roça Grande conhecer a família de Débora e marcar o casamento que se deu no ano seguinte.
Sara seguiu o mesmo caminho, casou teve dois filhos que se tornaram uma referencia objetiva na vida do casal.
1970. Sara e Débora morava distante um da outra, mas aquele dom de comunicação fazia com que as duas sempre sentisse os sentimento uma da outra.
Seu Raimundo Nonato tinha falecido a coisa de seis anos e sua mãe vivia cuidando dos netos, filho de Zezito que se tornou metalúrgico e trabalhava na Cia. Siderúrgica Belgo Mineira de Sabará, onde ocupava o cargo de chefe de departamento.
Débora morava no bairro Renascença em Belo Horizonte e Sara no Bairro do campo Santo. Antonio em Sabará  e quando uma sentia saudade  uma da outra , davam um  jeito de se encontrarem, tomar um chá e prosearem.
Domingo seis horas da manhã, Débora levantou agitada chamando por seu marido.
Rolim. Por favor, entre em contato com Sara. Por favor, tente falar com ela!
Seu marido não entendeu, mas se assustou com a atitude de sua esposa que estava nervosa, desesperada, angustiada.
Calma Déb. O que foi?
- Não pergunte, aja. Ligue pro Zezito, veja se ele consegue impedir que Sarinha saia de casa, por favor, querido.
Débora chorava, convulsivamente. Sebastião Rolim, seu marido, vendo todo esse sofrimento resolveu ligar diretamente para a Central de policia do município e usando de sua autoridade, tentou localizar e falar com sua cunhada, cujo telefone não atendia.
Por fim conseguiu falar com seu cunhado Zezito, que informou que Sara havia ido assistir a uma cerimônia de casamento em Nova Lima, mas que prometera que estaria em casa bem cedo, pois tinha compromisso na Igreja de Nossa Senhora da conceição.
Esta noticia ao invés de tranquilizar Débora, a deixou mais desesperada, e vestindo se rapidamente pediu ao esposo que a levasse a Sabará imediatamente. O potente Ford Galaxie rasgava a estrada Mg5 em direção a Sabará, o capitão Sebastião Rolim, vendo o desespero de esposa afundava o pé no acelerador querendo chegar onde ele nem sabia onde... .
Débora chorava, sentia que algo ruim havia acontecido com sua querida irmã e realmente ao se aproximar de Roça Grande, na ultima curva que dá acesso ao bairro um aglomerado de pessoas. Policiais na pista controlando o transitam e todos mirando as águas barrentas do Rio das Velhas.
- O que aconteceu? Perguntou o capitão Rolim logo após se identificar.
Um fusca perdeu o controle e caiu dentro do Rio das Velhas
Débora já não estava dentro do carro e corria desesperada para perto do Rio. Tiveram que segura-la para que não fosse para as margens do Rio.
- Minha irmã morreu - Dizia! Minha irmã morreu!
Transtornada, se entregou ao choro.

Realmente quando a valorosa guarnição do Corpo de Bombeiro retirou os corpos do carro sinistrado, La se encontrava entre as ferragens, o corpo da doce Sarinha.
Foi uma comoção na região, os alunos de primeira a quarta serie primaria nunca mais iam sentir o carinho da doce professorinha.  D. Maria resignada agradecia a Deus a oportunidade de ter como filha uma pessoa, boa de coração, filha exemplar e boa mãe.
Sarinha morreu, juntamente com seu marido deixando dois filhos já adultos e preparados para um mundo de desafios.
Desta vez o choro de Débora não foi o suficiente para salvar Sara.
Passado sete dias, ela teve um sonho: ela se viu criança, bem pequenina e chorando muito, uma cobra vinha em direção a sua amada irmã e seu alerta, conseguiu salvar Sarinha.
O bebê que estava no berço sorriu-lhe e com um beijo dado em sua testa, agradeceu por sempre lhe proteger.

-Agora querida irmã, chegou à hora de eu lhe dar toda a proteção permitida por Deus.
Sara acordou sobressaltada, mas feliz. Sabia que mesmo não estando neste mundo, o vinculo emocional não havia se rompido e Sara estava feliz e sossegada onde estivesse.


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