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segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

A morte de Alexandre



Foi numa tarde de verão que aquele menino lindo veio ao mundo.
Fazia um calor insuportável naquele oito de janeiro e dona Matilde jazia deitada num rústico catre mal cheiroso e frágil, que serviu para dar a luz o seu rebento.
Era seu segundo filho, segundo filho sem pai, pois ao saber que Matilde estava grávida, Tiãozinho, seu namorado, picou a mula para São Paulo, desaparecendo de vez do distrito de Roça grande.  Mas não era o momento de se lamentar, teria que se apegar a Nossa Senhora do “Bom Parto” para que ela a protegesse das possíveis infecções “pós-parto”, pois energia para lutar pela sobrevivência e cuidar dos filhos, ela tinha de sobra. - Sou guerreira! Refletiu.
O tempo foi célere na vida de Matilde, recuperou se do parto, logo voltou a trabalhar na prefeitura de Sabará, graça a boa amizade que tinha com o então prefeito “Marcelo Dias” a quem segundo suas palavras, era o pai dos pobres da cidade e com ele conseguiu um pedacinho de terra onde construiu sua casinha onde viveria por muitos anos.
Enquanto o tempo descia pela “ampulheta da vida” Rosaria e Alexandre cresciam e se tornavam duas belas crianças inteligentes e comunicativas, logo Rosaria demonstrou aptidão para ser freira e incentivada pelas irmãs da ordem de “São Canisio” ingressou num convento para estudar e dar prosseguimento a sua vida contemplativa.
Alexandre ao contrario, adorava uma rua, tocava bem violão, aos cartozes anos já namorava e jogava futebol no time do “seu Armando” onde era considerado “menino prodígio” pela sua impetuosidade e ousadia neste esporte bretão.
A vida de Matilde se estabilizou, estava satisfeita com os seus dois filhos, com sua casinha, encontrara até que enfim um homem correto e trabalhador que a ajudava a viver na pequena comunidade de Santo Antonio da Roça grande.
Alexandre cada dia mais se destacava como um bom rapaz, estudioso, trabalhador e prestativo. Cedo começou a trabalhar na vendinha do “seu” Geraldo Rocha e logo, logo ganhou a confiança do seu patrão que podia sair para a capital das “Gerais” e deixar tudo por conta do seu agregado.
O olhar, o sorriso e a fala mansa e viril de Alexandre conquistava quem se aproximava dele, a vendinha do seu Rocha prosperava, devido à competência de seu empregado que transpirava confiança e conhecimento na arte de vender.
Numa terça feira fria de junho, Matilde entra no quarto de seu dileto filho e o encontra chorando, assustada ela o interroga por que essa atitude. Seu filho não responde e soluça.
Desde esse dia o sempre alegre e jovial Alexandre se trancou num terrível silencio toda a sua alegria se fora, ninguém entendia o porquê dessa drástica mudança de comportamento, emagrecera, seus olhos antes cheio de vida, se transformara em duas pedras opacas frias.
Tentava sorrir mas o que antes parecia vida , agora era um horrível esgar de ranger de dentes, numa moldura pálida.
O tempo foi passando e a cama foi o lugar que o acolheu , médicos de Sabará e Belo Horizonte  foram consultados em uma desesperada corrida pela vida do “Xandinho” , não tinha mais namorada, perdera o emprego, o quarto , ora iluminado pela vida , agora guardava tétricas premonições.
Rosaria sua irmã querida pedira licença no convento e veio lhe fazer vigília pelo bem de sua saúde e foi nessa vigília que o mistério desvendou se;
Dormindo ao lado da cama de seu dileto irmão , eis que uma luz irrompe o quarto .
Não era uma luz comum , ela pulsava e emitia um calor aconchegante que contrastava com o frio que instalara la fora.
Alexandre como por um milagre se levantou e caminhou para a luz. Atônita Rosaria viu e ouviu o diálogo entre seu irmão e a luz que depois de alguns minutos saiu do mesmo jeito que entrou, desaparecendo na noite .
Parecia que a “luz” havia revigorado seu irmão. Rosaria por fim indagou ao seu irmão o que estava acontecendo; Alexandre num sorriso frágil confidenciou a sua dileta irmã:
- Estou partindo , querida irmã, meus dias nesta terra estão se exaurindo e terei que deixa-los.
Quem você viu sair desse quarto nada mais é que o Nosso senhor Jesus Cristo que veio me avisar que essa é a ultima noite que passo neste planeta.
No inicio fiquei desesperado quando da primeira visita, mas com o tempo fui familiarizando com o meu destino e a presença de Jesus todas as noite aqui comigo me deu a certeza que parto para um mundo bem melhor que este e de onde poderei proteger as pessoas que amo.
- Não conte a ninguém essa nossa conversa espere passar quarenta anos e aí sim poderá contar a seus amigos e as pessoas o porquê da minha partida.

Dita essa palavras ele se voltou para o lado da cama e adormeceu... adormeceu para nunca mais acordar.

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