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quarta-feira, 20 de junho de 2018

A Assassina paciente





Nem parecia uma menina, quem a via achava que era um anjinho que já com seus 10 anos de idade já encantava o distrito de Roça Grande.
 Todos apostavam que ela seria a mulher mais bonita de Sabará.
 Olhos castanhos escuros, um belo desenho de lábios, dentes alvos e brilhantes, era a beleza em pessoa.
 No colégio ganhava todo concurso de beleza. Era rainha da primavera, rainha da jabuticaba, rainha da rua e ainda de muitos corações.  Aninha era dez!
 A tua beleza chamou atenção de muitos moradores de Sabará. Começou a frequentar o Clube cravo vermelho, mesmo sendo de etnia negra era bem recebida no meio social de Sabará e isto era um tabu por que antes dizia que no Cravo Vermelho negro não entrava.
 Neste Convívio com a sociedade de Sabará, Aninha ficou conhecendo Cláudio um rapaz loiro de olhos azuis, atleta, jogador do Esporte Clube Siderúrgica Sabará que logo se apaixonou pela morena de Roça Grande.
  Cláudio chamou atenção da comunidade de Roça Grande com seu estilo e delicadeza com a Aninha. Mas dentro dele ardia um ciúme exagerado, não suportava ver a sua amada conversando com outro homem, seja colega de escola ou então da Igreja Católica de Roça Grande ficava furioso e para não demonstrar esse sentimento ia para casa de seu sogro seu Tião esperar sua amada.
Demonstrava neste momento o quanto era ciumento, xingava, brigava, mas depois pedia perdão e assim foram levando durante 4 anos esse namoro.
O time do siderúrgica de Sabará havia sagrado campeão Mineiro de futebol.
 Cláudio, zagueiro time Campeão em meio à euforia, convidou seus colegas de equipe para o seu noivado na semana seguinte. Foi com surpresa que a família de Aninha recebeu a boa notícia. Até que enfim o seu Tião casaria a sua filha primogênita.
 O casamento de Aninha e Cláudio foi o acontecimento do ano em Roça Grande. Toda a comunidade foi convidada para a cerimônia. A dona Alcina, costureira, ficou semanas e semanas atarefada na Confecção de roupas dos convidados, os homens do Bairro mandaram fazer seus ternos de tecidos de casimira e   tergal na alfaiataria do Carlos Alemão.
 Escolheram o dia 10 de maio para o casamento pois o mês é consagrado as Noivas.
Chegou o grande dia!
A Igreja de Santo António da Roça Grande já era pequenina ficou mais pequena ainda pois todos os seus quatro mil habitantes estavam presentes a grande cerimônia. A família de Cláudio veio em carro de luxo no Aero   de 1960 todo branco combinando com a sua vestimenta que destacava do povo humilde e simples do bairro. O padre que faria o casamento seria o bom e sistemático Padre Luiz Capelão da Polícia Militar do Estado de Minas Gerais. Tudo ocorreu normalmente, a festa foi no sítio do folclórico senhor Josias.
Para comemorar o fato Tião mandou matar um boi e quatro porcos Além de muitas bebidas artesanais. Os nubentes Ana e Claudio foram morar no alto da Rua São João aqui mesmo em Roça Grande, lugar aprazível com a casinha branca do jeito que Aninha sempre sonhou.
 Tudo corria a mil maravilhas, casal recém-casado, um céu lindo, decorava a abóbada celeste azul, pássaros cantavam na floresta ao lado.  Tudo era paz, tudo era felicidade para Aninha. Mas de repente Cláudio mudou a expressão do seu olhar e ordenou a Aninha que não queria vê-la na casa de amigos e muito menos na casa de sua prima Sandra. Ao questiona-lo o porquê, Cláudio se irritou e na lua de mel ao invés de beijos e abraços Aninha recebeu um tapa no rosto.
 Possesso, Cláudio intimou:
_ aqui quem manda sou eu! Não quero! Acabou! De hoje em diante quem dá as cartas aqui sou eu e você está proibida de descer lá embaixo e ficar com esse povo sujo de Roça Grande. Me obedeça à mulher.
 Você é minha mulher, cuida de mim e eu te protejo.
 Aninha ainda questionou:
_Amor por que isso? Você é tão carinhoso comigo!
_ A farsa acabou! Casei com você porquê tinha interesse.
Você é meu troféu, a mulher mais bonita de Sabará e como Troféu ficará para sempre no meu coração trancado.
 Não acredito... Balbuciou Aninha. Se não fosse esse tapa que me deste com certeza levaria na brincadeira o que me disseste.
O tempo passava e para Aninha a sua vida virou um inferno. Não tinha paz nem para dormir, sua vida era vigiada 24 horas.
 Cláudio chegava do jogo e sempre encontrava a casa arrumada, comida feita e o carinho da sua mulher amada.
 Aninha não tinha direito nem de ir à missa, visitar seus familiares nem pensar.
 A cada dia que passava ela tinha que manter aparência que era feliz e que Cláudio era o marido que sempre sonhara.
 Por sua vez, Cláudio mantinha aparência de um grande marido, um bom chefe de família e o cara amigável, mas no fundo somente Aninha sabia o quanto cruel era esse homem.
 Certo dia, andando pela Rua São João, Aninha encontrou com um velho conhecido, colega de escola e muito amigo da família. Por um momento ela se sentiu confortável com a presença do amigo e depois de tanto tempo ela conseguiu sorrir.
Cláudio regressava para casa vindo do Siderúrgica, quando vislumbra sua esposa conversando com o seu colega e sem dizer palavras nenhuma agrediu sua esposa e o amigo.  Sangrando muito o rapaz fugiu, enquanto Ana estática, fitava seu marido. A vizinhança espantada a tudo via e ouvia.
 Cláudio gritava feito louco e agredia a pobre mulher.
 Chegando em casa obrigou a tirar toda a roupa do seu corpo na ânsia te encontrar a marca de um pecado que só existia na sua mente doentia.
 Aninha Sofria calada. Estava isolada do mundo não tinha amigo, não podia se abrir com sua mãe. Não podia receber visita, seu mundo era sua casa e seu marido cruel;
Aquele sorriso angelical já não existia mais, a sua fisionomia era de cansaço e sofrimento.
 Já se passavam três meses que havia se casado quando algo inusitado aconteceu:
Ao colocar a roupa do seu marido vai para lavar encontrou uma singela cartinha de amor.
Alguém amava o teu marido pelo jeito ele correspondia.
Estava explicado o motivo porque ele não a deixava sair de casa. Aquele ciúme todo agora tinha uma razão de ser: Cláudio tinha um amante.
 Pressionado pela mulher ele não se fez de rogado e confirmou sim dizendo que se ela quisesse poderia ir embora, mas deixou bem claro que outro homem não iria entrar na vida dela.
 Dito isso, Aninha Passou por mais uma sessão de espancamento e foi parar na Santa Casa de Misericórdia Sabará.
 Aninha passou uma semana internada em virtude da surra que tomou.
Como era de família bem conhecida em Sabará o Episódio foi encoberto ficando restrito somente a família dos envolvidos. Cláudio se acha o rei podendo fazer e acontecer. O pai amigo, do delegado, a mãe madrinha da promotora e tudo ficou por debaixo dos panos.
Aninha cansada de sofrer resolveu dar o troco de um jeito muito peculiar.
 Passou a não questionar mais teu marido, suas roupas eram bem lavadas bem tratada e cheirosa a comida Era do jeito que ele gostava e ela como esposa passou a ser mais uma Amélia. Aninha agora para Cláudio era mulher de verdade.
Anos se passaram. Cláudio abandonou futebol e agora era simplesmente um advogado trabalhando com pai que era reconhecidamente o melhor causídico da região.
 A sua sofrida mulher havia lhe dado três rebentos: duas meninas e um menino.
Como obediente, Aninha se entregou a tua família, como um cachorrinho manso, ela tinha casa comida e lambia a mão de seu dono, era tudo que ele queria.
Os sonhos de um casamento feliz, ter uma família feliz e temente a Deus, ficara para trás. Aninha seria uma mulher sem perspectiva sem sonhos, viveria para servir o seu marido, o seu amo...aquele maldito!
A tua família era mais importante que tudo.
  Aquele olhar de felicidade que    demonstrava ter na adolescência, toda a felicidade que aspirava   foi-se naquele dez de maio, quando se iludiu por um cruel príncipe.
Mas agora do alto de seus trinta anos. O que ela queria mais era viver...ironia, tanto sonhou com uma vida de felicidade e agora era subjugada pelo simples desejo de viver.

A vida transcorria normalmente, Claudio prosperava, era considerado o melhor advogado da região, mas uma dor de estomago o incomodava.
Havia dois anos que aquela dorzinha o incomodava e não tivera tempo de fazer um check-up detalhado de sua saúde.
Com relação a família, tudo ia bem, Aninha cuidava bem dele e de seus filhos. Ela por fim aceitara as regras do jogo e vivia somente para a sua família, nem no velório do seu pai, ela se dispôs a ir, Bruno, seu filho caçula, jura que a viu chorando pelos cantos da sala.
Aninha, ou seja, Ana villafortes, mudara se era para o bem ou para o mal, só o tempo poderia responder.
Claudio villafortes ampliava seu empreendimento, tinha como cliente nada mais nada menos do que o governador de Minas gerais e uma famosa senadora, mas a sua saúde estava combalida.
Aconselhado por amigos, foi se consultar com um famoso gastroenterologista que alarmado lhe deu a péssima notícia:
- O senhor tem um câncer no estômago!
Foi um choque que derrubou o gigante Claudio, o imbatível advogado, o opressor chefe de família.
O mundo desabara para ele.
Seus colegas de profissão sabendo disso comemoraram como uma conquista de uma copa do mundo de futebol.
Perderá a vontade de trabalhar, tirara férias e visivelmente abatido recusava sair de casa
Tudo mudou. Até a sua indiferente esposa começara a lhe perturbar. Ele que deste que casou nunca a virar sorrir ou cantarolar, agora ele descobrira que ela vivia.
A mulher que tanto maltratara agora tinha no olhar um brilho opaco de amargura e vingança.
Sua refeição era servida por uma enfermeira e nunca por Ana villafortes. Ela não se dignificava nem ao menos perguntar se ele estava se sentindo bem, estava jogado num quarto sombrio esquecido pelo mundo.
Mandou chamar sua esposa.
Ana villafortes acedeu ao convite e entrou naquele quarto que outrora sonhara ser a capital dos seus prazeres e que foi na verdade seu ades matrimonial.
Ana aproximou do leito do enfermo e o que viu a deixou combalida. O outrora homem forte de Sabará, jazia numa bela cama, ostentando s seu corpo esquelético cheio de feridas e cheirando mal. Triste contradição da vida humana.
Aninha-balbuciou o enfermo.
Perdoe me por tudo
-Não se preocupe! Isso é passado
-Estou morrendo!
-Eu sei!
Como sabe? Médicos lhe contaram?
- Não eu tive a paciência de ministrar durante anos uma gota de veneno na refeição de quem arrasou meus sonhos, minha vida. Jurei vingança e nestes dez anos você consumiu uma gota de arsênio nas refeições. Uma gota derrubou o gigante da prepotência, egocentrismo da maldade e da opressão. Você está indo, mas não ficaria feliz se não te contasse.

Durante quatro mil trezentos e oitenta dias tive a paciência de colocar uma gota de arsênio no teu chá, no teu suco, no teu café. Imagino que buraco está seu estomago. Este será nosso segredo. A mulher que você tanto oprimiu, finalmente te destruiu.
Claudio de olhos esbugalhados ouvia e não acreditava. Tentou falar e uma golfada de sangue lhe sufocou. Agitou em espasmou e ficou quieto para sempre.





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